15 jogos icônicos lançados em 1996
Em 1996, enquanto o Brasil experimentava uma relativa estabilidade econômica com o recém-implementado Plano Real, a indústria dos videogames atravessava um período de grandes mudanças. Foi o ano em que Tom Kalinske, executivo responsável por transformar Sonic em ícone global, deixou a presidência da Sega of America após divergências com a matriz japonesa sobre os rumos do Saturn.
Enquanto os “bichinhos virtuais” Tamagotchi invadiam as escolas brasileiras e se tornavam uma verdadeira febre nacional, o mercado de consoles vivia uma reviravolta com a chegada do Nintendo 64. O primeiro console 64-bit do mundo chegou ao Brasil via importação custando cerca de R$ 550 – valor que, corrigido para 2025, equivaleria a aproximadamente R$ 2.950, preço proibitivo para a maioria dos consumidores da época e até hoje.
Naquele momento, o PlayStation já mostrava sua força nos Estados Unidos, com uma estratégia agressiva de preços que o levou de US$ 299 para US$ 199 em menos de um ano após seu lançamento. No Brasil, o console da Sony era comercializado por cerca de R$ 450 (equivalente a R$ 2.415 atuais), enquanto o Sega Saturn, que enfrentava as mesmas dificuldades de mercado aqui e nos EUA, tinha preço similar de R$ 440 (R$ 2.360 em valores atualizados).
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Foi também em 1996 que a Apple tentou, sem sucesso, entrar no mercado de videogames com o fracassado Apple Pippin, enquanto a Nintendo revigorava o console mais vendido do Japão naquele ano, o Game Boy, com uma versão 30% menor chamada de Game Boy Pocket. O ano ainda marcou o fim de uma era com a descontinuação do Sega CD, 32X, CD-i, Virtual Boy e Atari Jaguar – o último console da empresa que um dia dominou o mercado.
Mas além de todas essas mudanças, 1996 foi especialmente marcante pelos jogos que apresentou ao mundo. Conheça a seguir os 15 títulos que definiram aquele ano e continuam influenciando a indústria até hoje.
15. Command & Conquer: Red Alert
O Westwood Studios sacudiu o universo dos jogos de estratégia em tempo real com Red Alert, uma prequela que reimaginava a Segunda Guerra Mundial em um cenário onde Albert Einstein viajava no tempo para eliminar Hitler. O resultado foi uma guerra alternativa entre soviéticos e aliados, repleta de tecnologias futuristas e unidades memoráveis.

O game deu ainda mais força ao gênero RTS (estratégia em tempo real) com sua interface acessível e missões empolgantes. Sua combinação de jogabilidade viciante e cutscenes com atores reais (ainda que com atuações propositalmente exageradas) criou uma identidade única que conquistou milhões de jogadores.
Red Alert se destacou ainda por sua trilha sonora memorável assinada por Frank Klepacki, com faixas como “Hell March” que se tornaram clássicos instantâneos. O sucesso foi tanto que deu origem a múltiplas sequências, consolidando-se como uma das franquias mais importantes do gênero de estratégia.
14. Blood Omen: Legacy of Kain
Um dos anti-heróis mais complexos dos videogames foi apresentado ao mundo em Blood Omen. Kain, um nobre assassinado ressuscitado como vampiro, embarcava em uma jornada por vingança que acabava envolvendo o destino de todo o reino de Nosgoth.

O jogo impressionou pela narrativa madura e sombria, algo raro para a época. Com dublagem de alta qualidade e diálogos filosóficos, Blood Omen questionava conceitos de redenção, moralidade e livre-arbítrio enquanto conduzia o jogador por um mundo gótico meticulosamente construído.
Além da história cativante, o título oferecia um sistema de progressão que permitia a Kain absorver o sangue de suas vítimas para obter novos poderes. Esse conceito deu origem a uma das franquias mais cultuadas da história, com sequências que expandiram o universo e aprofundaram seus complexos personagens.
13. International Superstar Soccer 64
Quando a Konami trouxe International Superstar Soccer para o Nintendo 64, apresentou uma evolução visual impactante em relação a ISS Deluxe do Super Nintendo, com modelos 3D de jogadores e estádios extremamente detalhados que finalmente começavam a se aproximar dos jogos na TV.

O refinamento nas mecânicas de gameplay foi igualmente revolucionário. A física da bola, a inteligência dos companheiros de equipe controlados pelo computador e a sensação de controle preciso sobre as jogadas definiram um baita salto rumo à simulação realista das partidas de futebol. A inclusão de narração dinâmica e uma variedade de estratégias táticas permitiam uma experiência personalizada que aprofundou a imersão.
ISS 64 deu início a uma rivalidade ferrenha com a série FIFA da EA Sports que duraria anos. Enquanto a FIFA apostava em licenças oficiais e apresentação polida, a Konami focava na jogabilidade pura. Essa disputa entre “gameplay vs. licenças” definiria o mercado de jogos de futebol por pelo menos os 20 anos seguintes, com jogadores brasileiros geralmente pendendo para o lado da desenvolvedora japonesa e sua evolução posterior na série Pro Evolution Soccer.
12. The House of the Dead
Os fliperamas foram transformados em casas de terror com The House of the Dead, um shooter com pistola de luz que assustava e divertia em igual medida. Os zumbis que saltavam na tela e os chefes grotescos eram renderizados com um nível de detalhe impressionante para 1996, criando uma experiência de horror que muitos jogadores jamais esqueceriam.

O jogo da Sega se destacava pela variedade de caminhos que o jogador podia seguir a cada fase, alterando a experiência e incentivando o fator replay. A mecânica de salvar cientistas ao longo do percurso adicionava uma camada estratégica ao simples “apontar e atirar”, enquanto os finais alternativos recompensavam os mais habilidosos.
O sucesso nos arcades foi tanto que The House of the Dead rapidamente se transformou em uma franquia com múltiplas sequências, adaptações para consoles domésticos e até filmes — embora estes últimos sejam lembrados mais pela notória direção de Uwe Boll do que por qualidades cinematográficas.
11. X-Men vs. Street Fighter
A Capcom revolucionou os arcades em 1996 ao juntar dois universos aparentemente incompatíveis: os personagens de sua franquia de luta Street Fighter com os mutantes da Marvel. X-Men vs. Street Fighter foi um fenômeno que lotava fliperamas brasileiros, criando filas de observadores ansiosos para ver duelos épicos como Ryu enfrentando Wolverine ou Magneto duelando com Chun-Li.

O jogo introduziu o sistema de tag battle, onde os jogadores podiam alternar entre dois personagens durante a luta, além de combos aéreos espetaculares. A sensação de poder era inebriante, com superataques que preenchiam toda a tela com explosões coloridas e danos devastadores, tudo a 60 FPS em hardware de arcade poderoso.
No Brasil, a popularidade de X-Men vs. Street Fighter foi extremamente duradoura. Mesmo com a chegada de novos jogos na série VS da Capcom, muitos estabelecimentos mantiveram suas máquinas originais, que seguiram atraindo jogadores por mais de uma década. Foi o começo de uma série de crossovers que culminaria em Marvel vs. Capcom, estabelecendo de vez um subgênero próprio de jogos de luta.
10. Super Mario RPG
A parceria improvável entre Nintendo e Square resultou em uma das experiências mais surpreendentes do Super Nintendo. Mario se aventurava em um RPG por turnos que mantinha o espírito divertido da série principal, enquanto incorporava elementos narrativos mais elaborados.

O sistema de batalha inovava ao adicionar comandos de ação nos ataques e defesas, exigindo que o jogador pressionasse botões no momento certo para maximizar danos ou minimizar ferimentos. Essa mecânica de timing perfeito influenciaria diretamente futuros RPGs da Nintendo, como Paper Mario e Mario & Luigi.
Além da jogabilidade refinada, Super Mario RPG apresentava uma direção de arte encantadora com visual isométrico e novos personagens carismáticos como Mallow e Geno, que se tornaram favoritos dos fãs mesmo aparecendo em apenas um jogo da franquia. A qualidade da parceria Nintendo-Square fez com que muitos lamentassem o rompimento entre as empresas que ocorreria logo depois.
9. Metal Slug
A SNK provou que pixels bem desenhados ainda podiam impressionar na era 3D com Metal Slug. O jogo run and gun em side-scrolling se destacava pela quantidade absurda de detalhes em cada sprite e cenário, com animações fluidas que continuam impressionantes até hoje em dia.

O humor irreverente era parte essencial da experiência: soldados inimigos entravam em pânico, prisioneiros presenteavam o jogador com itens após serem resgatados e os protagonistas exibiam expressões exageradas ao serem atacados ou ao comerem demais e se transformarem temporariamente em personagens obesos.
Metal Slug definiu uma fórmula quase perfeita logo em sua estreia, com uma dificuldade desafiadora, mas justa, boss fights memoráveis e cooperativo para dois jogadores. O sucesso nos fliperamas garantiu uma série de sequências que, embora mantivessem o alto padrão de qualidade, raramente se afastaram da receita estabelecida neste primeiro título.
8. Diablo
A Blizzard já havia construído uma reputação sólida com Warcraft, mas foi com Diablo que a empresa encontrou uma fórmula que definiria jogos de RPG de ação pelos próximos 30 anos. Ambientado na vila de Tristram e nas catacumbas abaixo de sua catedral, o jogo misturava horror gótico com fantasia medieval em uma experiência sombria que capturava a imaginação.

A simplicidade genial do sistema de controle, baseado apenas em cliques do mouse, tornou o gênero acessível para jogadores de todos os níveis. Enquanto isso, o sistema de itens gerados proceduralmente com diferentes graus de raridade e atributos variáveis criou o modelo de “loot” que se tornaria padrão na indústria, impulsionando os jogadores a continuarem a jornada em busca de equipamentos cada vez mais poderosos.
Diablo também foi pioneiro na integração com o sistema Battle.net, permitindo que jogadores se conectassem online para explorar dungeons juntos ou duelar entre si. Esse modelo de multiplayer online persistente seria refinado ao longo dos anos, culminando em títulos como World of Warcraft e estabelecendo a Blizzard como líder em experiências sociais online nos games.
7. Quake
A id Software já havia revolucionado os jogos em primeira pessoa com Wolfenstein 3D e Doom, mas foi com Quake que a empresa mostrou sua capacidade de seguir inovando. O primeiro FPS verdadeiramente 3D — onde não apenas os ambientes, mas também os inimigos eram modelados com polígonos —, Quake foi um salto tecnológico sem igual, utilizando um motor gráfico que influenciaria muitos outros jogos por muitos anos.

O impacto do seu modo multiplayer foi ainda mais significativo. Quake introduziu o conceito de “deathmatch” em ambientes 3D completamente navegáveis, com movimentos complexos como rocket jumping e strafe jumping que aumentavam o teto de habilidade dos jogadores. Essas mecânicas estabeleceram um nível de competitividade que deu origem aos primeiros torneios formais, como o Red Annihilation de 1997, considerado por muitos como o primeiro evento de eSports da era moderna.
A comunidade que se formou ao redor de Quake foi igualmente revolucionária, com jogadores criando modificações (mods) como Team Fortress e ferramentas como o QuakeWorld que aprimoraram o jogo para conexões de internet da época. Essa cultura de modding e aprimoramento constante definiu um modelo de interação entre desenvolvedores e comunidade que perdura até hoje no desenvolvimento de jogos.
6. Crash Bandicoot
A Naughty Dog criou o que muitos considerariam a resposta da Sony a Mario e Sonic. Crash Bandicoot combinava plataforma 3D com uma apresentação visual impressionante que demonstrava as capacidades técnicas do PlayStation de forma acessível e divertida.

O design de níveis que alternava entre fases com perspectiva frontal e seções com Crash correndo em direção à tela criava momentos memoráveis de gameplay. A dificuldade crescente, especialmente em fases como “Road to Nowhere” com suas plataformas estreitas sobre um abismo, testava os reflexos dos jogadores sem nunca se tornar injusta.
O marsupial laranja rapidamente se tornou o mascote não-oficial do PlayStation e símbolo de uma nova geração de jogos. No Brasil, Crash ganhou popularidade especial por combinar desafio e acessibilidade em uma época em que os jogos 3D ainda estavam descobrindo suas possibilidades e limitações.
5. Mario Kart 64
Depois de apenas um jogo, Mario Kart já havia se tornado uma das franquias mais queridas e populares da Nintendo, e no Nintendo 64 já dava um importante salto no mundo 3D com resultados espetaculares. Mario Kart 64 introduziu circuitos 3D elaborados e o infame “Casco Azul”, criando um jogo que equilibrava habilidade e sorte de maneira magistral.

O modo multiplayer para quatro jogadores rapidamente se tornou extremamente popular, seja em casa ou nas locadoras de todo o Brasil, com batalhas acirradas que frequentemente terminavam entre risadas e bofetadas porque um amigo acusava o outro de trapaça. A variedade de personagens com características distintas de aceleração e velocidade máxima adicionava profundidade estratégica sob a aparência de um simples jogo de corrida arcade.
Pistas como a Rainbow Road e a Bowser’s Castle se tornaram ícones de level design em jogos de corrida, enquanto a melodia do Mario Circuit entrou para a história da música em videogames. O sucesso foi tão grande que, mesmo com múltiplas sequências lançadas desde então, muitos fãs ainda consideram Mario Kart 64 como o auge da série.
4. Tomb Raider
Quando Lara Croft surgiu nos videogames em 1996, rapidamente assumiu a posição de um ícone cultural. A protagonista quebrou barreiras nos jogos, provando que uma personagem feminina forte e independente poderia liderar um grande lançamento comercial. Seu impacto foi tão significativo que logo transcendeu os limites do meio, estampando capas de revistas, inspirando filmes de Hollywood e se tornando um símbolo reconhecido mesmo por quem nunca havia jogado.

O design de Tomb Raider foi surpreendente para a época, com ambientes 3D gigantescos e muito bem elaborados que desafiavam os jogadores a pensar espacialmente. Templos antigos, cavernas submersas e ruínas perdidas eram verdadeiros quebra-cabeças que exigiam observação cuidadosa e raciocínio para serem superados.
Tamanho sucesso também teve seu lado controverso, com a hipersexualização da protagonista em materiais promocionais e ensaios fotográficos com modelos caracterizadas como Lara Croft em revistas de games da época – práticas hoje extremamente problemáticas e de mau gosto. Apesar disso, o legado do jogo permanece principalmente por suas qualidades: controles precisos, level design inteligente e uma protagonista cuja popularidade resistiu ao tempo, passando por inúmeras reinvenções que a mantêm relevante mais de três décadas depois.
3. Pokémon Red/Blue
A Game Freak e a Nintendo criaram um verdadeiro fenômeno mundial com sua premissa aparentemente simples de capturar e treinar monstrinhos. Pokémon Red e Blue estrearam em 1996 com uma fórmula perfeita de RPG colecionável que permanece virtualmente inalterada até hoje.

O conceito “gotta catch ‘em all” (“temos que pegar todos”) tornou-se um mantra para toda uma geração, com os 151 monstrinhos originais desenhados para atrair diferentes tipos de jogadores. A necessidade de trocar Pokémon entre as versões para completar a coleção fomentava a interação social, transformando o Game Boy em uma plataforma de conexão entre crianças e adolescentes.
O que começou como um modesto RPG no Japão rapidamente se transformou em um império multibilionário de jogos, cartas colecionáveis, desenhos animados e merchandise. No Brasil, a febre Pokémon chegou um pouco mais tarde, coincidindo com a estreia do anime na TV aberta, mas causou rebuliço semelhante ao visto em outros países, consolidando-se como parte fundamental da cultura pop.
2. Resident Evil
O gênero “survival horror” nunca mais foi o mesmo depois do lançamento de Resident Evil em 1996. A mansão Spencer, com seus corredores sombrios e criaturas horripilantes, evoluiu absolutamente todos os conceitos e princípios apresentados por Alone in the Dark em 1992, combinando recursos limitados com monstros implacáveis.

Apesar de as câmeras fixas não serem exatamente uma novidade, o jogo da Capcom deixou os jogadores embasbacados com a abertura cinematográfica com atores reais e diálogos exagerados (com frases como “Jill Sandwich” e “Master of Unlocking”). Embora sejam frequentemente alvo de piadas hoje, na época esses elementos contribuíam para uma experiência peculiar que mesclava terror genuíno com momentos involuntariamente cômicos.
Resident Evil provocou um impacto profundo na cultura pop, influenciando não apenas jogos como também filmes e séries de terror. No Brasil, o jogo se tornou objeto de discussões sobre classificação etária em videogames, ajudando a consolidar a percepção de que o meio havia amadurecido para além do público infantil.
1. Super Mario 64
Super Mario 64 redefiniu o que jogos 3D podiam ser, estabelecendo as regras fundamentais para controle e câmera em ambientes 3D em uma época em que absolutamente todo mundo ainda estava aprendendo a lidar com isso. A Big N foi tão certeira em sua abordagem que até hoje os padrões definidos pelo título de estreia do Nintendo 64 continuam sendo referência.

A transição para 3D foi acompanhada por uma extraordinária sensação de liberdade: Mario podia correr, saltar, escalar, nadar e voar em vastos mundos interconectados cheios de segredos e desafios. O sistema de estrelas, que permitia progressão não-linear dentro de cada mundo, incentivava a exploração e a experimentação, recompensando os jogadores por sua curiosidade.
O controle analógico do Nintendo 64 encontrou seu propósito ideal em Mario 64, com movimentos precisos que respondiam à intensidade do toque no direcional analógico. Enquanto outros jogos da época lutavam com as limitações do 3D, Super Mario 64 fazia parecer fácil, influenciando praticamente todos os jogos que vieram depois.
Menções honrosas
1996 foi um ano tão efervescente e cheio de novidades que é praticamente impossível falar de tanto jogo bom em um ranking com apenas 15 títulos. Por isso, os games a seguir merecem menções honrosas por também terem apresentado inovações em gráficos, interatividade e narrativa.
Duke Nukem 3D
Enquanto a id Software adotava polígonos com Quake, a 3D Realms aprimorava sua engine baseada em sprites com Duke Nukem 3D, apostando em humor escrachado e interatividade ambiental sem precedentes. O protagonista machista e suas frases de efeito retiradas de filmes de ação dos anos 1980 criaram um personagem memorável, enquanto inovações como poder olhar para cima e para baixo, além de interagir com praticamente tudo no cenário (desde dar descarga em banheiros até entregar gorjeta para dançarinas), proporcionaram um novo nível de imersão em jogos de tiro em primeira pessoa.

PaRappa the Rapper
Muito antes de Guitar Hero ou Dance Dance Revolution, PaRappa the Rapper criou o gênero de jogos musicais rítmicos que explodiria na década seguinte. Com um visual único em 2D que parecia papel recortado em ambientes 3D, um cachorro aspirante a rapper e músicas absurdamente cativantes, o título do PlayStation surpreendeu pela originalidade. A mecânica de apertar botões no ritmo da música para fazer PaRappa se apresentar bem era simples, mas viciante, e provou que videogames poderiam criar novas formas de interação com a música.
Street Fighter Alpha 2
Consolidando a “nova era” da franquia, Street Fighter Alpha 2 refinava o sistema de luta da Capcom com mecânicas como Custom Combo e recuperação no ar. A estética anime e personagens novos como Sakura deram nova vida à série, enquanto modos como Dramatic Battle (onde dois jogadores enfrentavam um oponente controlado pela CPU simultaneamente) mostravam que ainda havia espaço para inovação em um gênero já estabelecido. No Brasil, Alpha 2 compartilhou a popularidade dos arcades com X-Men vs Street Fighter, frequentemente ocupando máquinas lado a lado nos fliperamas.
Nights Into Dreams
O novo jogo do Sonic Team mostrou o potencial do Sega Saturn com visuais oníricos e jogabilidade única que combinava voo e coleta de itens. A trilha sonora orquestrada e o sistema de A-Life, que permitia que o mundo do jogo evoluísse organicamente, evidenciavam a visão artística de Yuji Naka além de Sonic. Apesar da distribuição limitada do Saturn no Brasil, Nights conquistou uma base de fãs dedicada que o considera uma das obras-primas esquecidas da Sega.

Donkey Kong Country 3: Dixie Kong’s Double Trouble!
Completando a trilogia de Donkey Kong Country para Super Nintendo, o terceiro título colocou Dixie Kong e seu primo bebê Kiddy Kong como protagonistas em uma aventura que empurrou o hardware do 16-bits ao limite. As fases variadas, desde lagos congelados a fábricas industriais, combinadas com músicas memoráveis de David Wise e uma dificuldade crescente fecharam com chave de ouro uma das melhores trilogias do Super Nintendo. No Brasil, onde o SNES permaneceu popular por mais tempo devido ao alto custo dos consoles 32/64 bits, este terceiro capítulo recebeu atenção especial de jogadores que ainda não haviam migrado para a nova geração.
Legado de 1996 nos games
O ano de 1996 representou um momento decisivo de transição entre gerações, com jogos que começaram a apresentar um desfecho para a era 2D e que estabeleceram as bases fundamentais do 3D. Super Mario 64 e Tomb Raider definiram paradigmas de controle e design 3D que até hoje ecoam nos títulos que jogamos no PlayStation 5, Xbox e Switch, enquanto títulos como Metal Slug e Street Fighter Alpha 2 demonstravam que a arte em pixels ainda tinha muito a oferecer — como vemos até hoje com os títulos indie.
Foi também o ano em que franquias monumentais deram seus primeiros passos: Pokémon, Resident Evil, Tomb Raider e Diablo surgiram em 1996 e continuam sendo pilares importantes da indústria quase três décadas depois. A influência dessas séries vai muito além dos videogames, com filmes, séries e brinquedos as colocando como marcos da cultura pop.
No Brasil, 1996 marcou um período de contraste entre o entusiasmo pelos novos consoles e a realidade econômica que tornava esses sistemas inacessíveis para muitos. O alto custo dos jogos originais (R$ 85 para PlayStation, R$ 115 para SNES e R$ 120 para N64) impulsionou o mercado paralelo, estabelecendo uma dinâmica de consumo que marcou e definiu a indústria gamer brasileira por muitos e muitos anos.
Jogos que definiram 1996
- Super Mario 64: revolucionou o conceito de jogos 3D com controles intuitivos e mundos explorávéis cheios de segredos
- Resident Evil: definiu o gênero survival horror com sua atmosfera tensa e recursos limitados
- Pokémon Red/Blue: iniciou um fenômeno cultural global com sua mistura perfeita de RPG e colecionismo
- Tomb Raider: apresentou Lara Croft ao mundo e estabeleceu novos padrões para jogos de aventura 3D
- Mario Kart 64: transferiu com maestria a diversão do kart para ambientes tridimensionais
- Crash Bandicoot: tornou-se o mascote não-oficial do PlayStation com plataformas desafiadoras
- Quake: revolucionou os FPS com ambientes totalmente 3D e fundou as bases dos esports modernos
- Diablo: criou um novo padrão para RPGs de ação com seu sistema de itens aleatórios e atmosfera sombria
- Metal Slug: elevou o gênero run-and-gun com animações detalhadas e humor irreverente
- Super Mario RPG: uniu Nintendo e Square em um RPG acessível com mecânicas inovadoras de timing
- X-Men vs. Street Fighter: concretizou o sonho de fãs ao unir universos distintos em um fighting game frenético
- The House of the Dead: transformou arcades em casas de terror com seu shooter visceral de zumbis
- International Superstar Soccer 64: estabeleceu novo patamar para jogos de futebol com físicas e controles realistas
- Blood Omen: Legacy of Kain: impressionou com narrativa madura sobre um vampiro em busca de vingança
- Command & Conquer: Red Alert: reimaginou a Segunda Guerra Mundial em um RTS viciante e acessível
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