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Jogamos | Is This Game Trying to Kill Me? para consoles — Filosofia de bolso, morte programada e um mouse que questiona sua existência

Vamos começar do começo: você acorda numa cabana.

Tá tudo meio torto, meio escuro, meio “isso aqui definitivamente não foi decorado pela Marie Kondo”. Tem uma mesa, uma luz esquisita e… um computador velho.

Sim, amigo. Um PC véio. Daqueles que, se você soprar muito forte, vira poeira cósmica.

Aí aparece uma figura bizarra, te oferece um trato e te manda jogar um jogo dentro do jogo. Sim, é tipo Inscryption, mas com uma vibe menos “carta amaldiçoada” e mais “quem tá me stalkeando pelo DOS?”

A partir daí, você entra num ciclo maravilhoso de:

  1. Jogar

  2. Desconfiar

  3. Resolver um quebra-cabeça

  4. Morrer de novo

E tudo isso enquanto se pergunta: isso é mesmo um jogo ou um experimento social da deep web?

🎮 Jogar com duas cabeças (e uma só paciência)

A mecânica central do jogo gira em torno de dois mundos: o 3D em primeira pessoa, onde você anda pela cabana resolvendo enigmas à la escape room dos infernos, e o 2D retrô de dungeon crawler, tipo Eye of the Beholder se ele tivesse sido feito por um programador mal-humorado em uma sexta-feira 13.

Mas aí vem o “charme”: as ações num mundo afetam o outro. O que significa que você vai abrir uma porta lá no joguinho pixelado e ouvir uma parede se mexendo do seu lado real. E, claro, se você errar… BOOM! Uma armadilha te mata. De novo. Como se fosse tutorial de Dark Souls em loop.

🧠 Filosofia do terror digital: o que esse jogo pode te ensinar?

Primeira lição: desconfiar da realidade.
Você já assistiu Matrix comendo Cheetos na adolescência e achou que entendeu tudo sobre ilusão, né? Pois é. Esse jogo vai esfregar na sua cara que você não entendeu nada. Ele questiona o tempo todo se o que você tá vendo é real, se você tem controle ou se só tá seguindo ordens de código.

Segunda lição: a vida é um jogo de tentativa e erro.
Você vai morrer. Muito. Em silêncio. Sem aviso. Tipo aquele relacionamento que parecia estar indo bem e de repente a pessoa para de responder. Só que aqui, em vez de terapia, você ganha uma tela preta e recomeça do save anterior. Pelo menos isso é mais barato.

Terceira lição: o jogador é o vilão e o herói ao mesmo tempo.
Esse jogo não te trata como protagonista. Ele te trata como cobaia. Como parte de um experimento. Como alguém que apertou “play” e agora tem que lidar com as consequências. Tipo clicar em “aceito os termos” sem ler. Só que os termos envolvem monstros, bugs mortais e muito café imaginário.

🤡 E o humor? Meu amor, é ácido

Se você acha graça em morrer porque apertou o botão errado, esse jogo é pra você. Ele vai fazer você se sentir burro e ainda vai rir da sua cara. A IA parece o GLaDOS do Portal depois de tomar chá de cogumelo alucinógeno. Sério. Ela faz piada da sua dor, do seu fracasso, do seu tempo perdido. E você aceita. Porque, de alguma forma, ela te representa.

🕹 Comparando com os primos esquisitos da família

  • Inscryption: é o primo cult. Fuma cigarro francês e lê Nietzsche. Também brinca com “jogo dentro do jogo”, mas de um jeito mais gótico-indie-elevado.

  • Undertale: é o irmão do meio, emocionalmente instável, que te faz rir e chorar enquanto te dá uma facada filosófica pelas costas.

  • Stanley Parable: aquele tio sarcástico que faz você rir até perceber que está rindo da sua própria falta de liberdade.

  • Pony Island: o primo que parece fofo, mas tá claramente possuído.

Is This Game Trying to Kill Me? junta um pouco de todos eles e bota numa panela fervente de paranoia interativa. O resultado é um jogo que te faz rir, te assusta, te engana e depois te faz refletir sobre decisões que você tomou na vida. Tipo escolher Publicidade em vez de Engenharia.

💾 E tecnicamente?

Nos consoles, o jogo roda lindamente. Quer dizer, “lindamente” no estilo “arte pixelada pós-apocalíptica feita pra te deixar desconfortável”. A transição entre os mundos 2D e 3D tá bem fluida, os comandos respondem rápido (até quando você não queria) e os bugs — ironicamente — fazem parte da narrativa.

A trilha sonora é um show à parte. Mistura barulhos de máquinas antigas, sussurros no fundo e músicas que parecem trilha de pesadelo em 8 bits. Perfeita pra jogar de madrugada com a luz apagada e questionar suas escolhas de vida.

📚 O que eu aprendi com tudo isso?

  • Que a gente nunca deve confiar em computadores velhos com telas verdes.

  • Que a morte, às vezes, é só um checkpoint mal colocado.

  • Que sarcasmo é uma forma de amor. Principalmente vindo de IA.

  • E que todo gamer, no fundo, gosta de sofrer um pouquinho — desde que seja com estilo.

💀 Conclusão: esse jogo tá tentando me matar? Com certeza.

Mas de um jeito poético, sabe? Quase romântico. Tipo aquelas cartas do Spec Ops: The Line que você lê chorando em posição fetal. Ou aquele momento em NieR: Automata que você percebe que… ah, deixa pra lá. Spoiler.

Is This Game Trying to Kill Me? é uma experiência. Um simulador de paranoia. Um retrato digital de nossas escolhas ruins. Um abraço quântico seguido de uma rasteira emocional.

E se você for como eu — viciada em narrativas quebradas, puzzles que desafiam seu ego e jogos que olham nos seus olhos e dizem “te conheço melhor que você mesmo” — então sim, vai fundo. Só… não se apegue demais. Porque ele não promete te amar de volta.

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