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Efeito Trump? Tesla vê lucro “tombar” no primeiro trimestre

Nesta terça-feira (22), a Tesla divulgou seus resultados no primeiro trimestre de 2025. E as notícias não são muito boas para os investidores da fabricante de veículos elétricos.

A começar pelo lucro da empresa, que recuou incríveis 71% entre janeiro e março deste ano, totalizando US$ 409 milhões (R$ 2,35 bilhões, na conversão direta), sendo US$ 0,12 (R$ 0,68). A receita total da companhia de Elon Musk também recuou (9%) para US$ 19,33 bilhões (R$ 111,12 bilhões).

Outros detalhes dos dados financeiros da Tesla

  • Por sua vez, o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado chegou a US$ 2,81 bilhões (R$ 16,15 bilhões) — queda de 17% ao ano;
  • A margem Ebitda ajustada chegou a 14,6%. No mesmo período, no ano passado, foram registrados 15%;
  • Quanto à produção total de veículos elétricos, a Tesla reportou ter diminuído a fabricação em 16%, comparado ano a ano, para 362,6 mil carros;
  • As entregas também recuaram: 13%, para 336,7 mil unidades;
  • As despesas operacionais foram na contramão e subiram 9%, para US$ 2,75 bilhões (R$ 15,8 bilhões).

Após a divulgação dos resultados iniciais, as ações da Tesla cresceram 0,5%, para US$ 239,23 (R$ 1.375,33) no pós-pregão regular. No período normal de negociações, os papéis estavam sendo vendidos a US$ 237,97 (R$ 1.368,08), alta de 4,6%.

Causas para a queda da empresa

Além de preocupar os investidores, os números da Tesla ficaram aquém do esperado pelos analistas, lembra a ABC News.

Agora, para entender a queda brusca, é preciso olhar para o cenário político dos Estados Unidos. A começar pelo estreito relacionamento entre o presidente Donald Trump e Musk, que comanda o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês).

Além de pessoas que não compactuam com as visões políticas do presidente e do empresário (como o Olhar Digital comentou aqui), recentes discursos e opiniões polêmicas de Musk afastaram os clientes da Tesla, que enxergam que a empresa está atrelada ao seu dono, mesmo que ele não esteja tão ativo ultimamente.

Um exemplo são as ações da empresa, que, desde dezembro, quando chegou à sua máxima histórica, desvalorizaram-se quase pela metade, coincidindo com a posse de Trump e as polêmicas decisões de cortes de gastos de Musk em várias áreas nos EUA.

Em comunicado, a própria Tesla indicou que “mudanças no sentimento político” poderiam impactar a demanda pelos produtos da empresa no curto prazo, admitindo que as decisões atuais do governo Trump e as atitudes de Musk frente ao DOGE e suas opiniões relacionadas a política de outros países influenciam diretamente em seu negócio.

Mas não é só isso que afeta negativamente a empresa. As recentes taxações de Trump nos EUA e para outros países desestimularam o setor, o que, naturalmente, levou a Tesla junto e pode ter causado certa “indisposição” do presidente estadunidense com o bilionário, que, antes de receber o cargo no governo, apoiou (financeiramente, inclusive) a campanha trumpista.

A companhia também alertou sobre os impactos comerciais resultantes do “atual cenário tarifário”. Ela afirmou que está “tomando medidas para estabilizar os negócios no médio e longo prazo e se concentrando em manter sua saúde”.

“A incerteza nos mercados automotivo e de energia continua a aumentar, à medida que a rápida evolução da política comercial impacta, negativamente, a cadeia de suprimentos global e a estrutura de custos da Tesla e de nossos concorrentes”, acrescentou.

Além de os investidores saírem prejudicados com o desempenho da Tesla no primeiro trimestre, o próprio Musk também saiu no prejuízo, pois boa parte de sua riqueza é obtida a partir da fabricante de elétricos.

Sem contar que os resultados reforçam as exigências de investidores da empresa para que o bilionário sul-africano deixe seu cargo no DOGE e dê mais atenção às decisões na companhia. Eles pedem, ainda, que ele foque na Tesla e deixe empresas, como o X, na mão de seus respectivos CEOs, entendendo que a empresa de carros é a mais importante do leque de Musk.

Saída da Casa Branca em prol da Tesla?

O status de temporário de Elon Musk à frente do DOGE se encerra em maio, quando completa três meses de experiência, deixando dúvidas sobre seu futuro. Na teleconferência com acionistas, a ser realizada após a divulgação dos resultados, é bem provável que ele seja questionado sobre o que fará a seguir — e que os despiste.

Dan Ives, diretor administrativo de pesquisa de ações da empresa de investimentos Wedbush e antigo apoiador da Tesla, afirmou, em memorando enviado a investidores no domingo (20), disse que “vemos isso como um momento decisivo”.

E não só isso: a concorrência vem crescendo, sobretudo de chineses, como a BYD, que foi na contramão da Tesla e cresceu muito nos EUA e em outros países, como no Brasil. Ainda, a falta do lançamento de novos veículos (deixemos a Cybertruck de lado, já que é um modelo “fora da curva”) e os nomes parecidos dados a cada carro (Model qualquer coisa, como o Model Y) também afastaram a clientela.

Ao anunciar a queda nas vendas, a Tesla não citou diretamente Musk (que também é CEO da companhia), mas indicou que uma “mudança nas linhas do Model Y em todas as nossas quatro fábricas levou à perda de várias semanas de produção no primeiro trimestre”, acrescentando que “a produção do novo Model Y continua indo bem”.

Matéria em atualização

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