Pode existir vida em planeta oceânico K2-18 b? Especialista explica
Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (09) (que você confere aqui) repercutiu a descoberta de sinais de vida no exoplaneta K2-18 b e como os oceanos são possíveis abrigos de seres extraterrestres.
A pesquisadora e estudante de oceanografia Jacqueline Sibuya, em entrevista ao apresentador Marcelo Zurita, falou sobre novidade na composição do planeta e quais as chances dele conter vida. Ela tirou dúvidas do público e explicou como a presença de água em um astro é um indicador fundamental para o possível abrigo de organismos vivos.
Sibuya é divulgadora cientifica e apresenta o canal Bluciencia. Ela começou com conteúdos de oceanografia, mas hoje produz vídeos sobre as diversas áreas do saber, como biologia, física e astronomia. “A ciência guia minha vida ao trazer as coisas para o lado racional”, explicou a pesquisadora.

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K2-18 b: há vida extraterrestre?
Em abril deste ano, astrônomos detectaram a presença de sinais de vida no exoplaneta K2-18 b. Por meio de observações do Telescópio James Webb (JWST), a equipe encontrou no astro os compostos dimetilsulfeto (DMS) e dimetildissulfeto (DMDS), que existem na Terra e são expelidos por fitoplânctons e algas marinhas. Caso não refutem o estudo, essa seria a notícia de que a vida extraterrestre é possível.
K2-18 b está a 124 anos-luz de distância e orbita uma estrela anã vermelha. Ele é considerado um Mini-Netuno, por ser maior do que a Terra e menor do que Netuno. Segundo as observações, a quantidade dos gases DMS e DMDS em sua atmosfera seriam maiores do que as presentes em nosso planeta.
O grupo fez diversas medições e apesar de todas as tentativas de refinar as leituras, o sinal permaneceu firme. Eles concluíram que o exoplaneta pode, de fato, abrigar um enorme estoque de DMS em sua atmosfera, o que sugere que seus mares estejam repletos de vida.

Porém, segundo Sibuya, é cedo para uma conclusão. “Não podemos bater o martelo ainda. Mais observações precisam ser feitas para que a gente possa ter cada vez mais evidências”, disse a pesquisadora.
A relação entre os raios da estrela e o astro também ainda é pouco conhecida. “Não sabemos como a radiação que chega ao planeta pode afetá-lo e influenciar na presença de vida”, ela comentou.
A cientista explica que os astrônomos estão em busca de bioassinaturas – compostos químicos e outros sinais que apenas organismos vivos poderiam produzir. Porém, há a possibilidade de que haja outras formas de se deixar aquele traço. “Naquele planeta, pode ser que haja um mecanismo que produza o gás sem precisar de ação da vida”, explicou Sibuya.
Onde há pouco CO₂, pode haver água
K2-18 b foi descoberto inicialmente em 2017 por cientistas canadenses. Em 2021, a equipe do atual estudo havia proposto que planetas como ele, os sub-Netunos, seriam cobertos por oceanos de água morna e envoltos em atmosferas ricas em hidrogênio e compostos de carbono. Para descrever esses astros, o grupo os nomeou de “Hiceanos”, unindo as palavras “hidrogênio” e “oceano”.
Sibuya explicou que os astrônomos detectam esses possíveis planetas oceânicos pela presença de gás carbônico (CO₂). Os oceanos capturam esse composto, o que diferencia astros com abundância de água – a lua Europa, por exemplo – dos astros mais secos, como Vênus.
“Houve uma proposta de que o JWST buscasse por planetas com baixo índice de CO₂, porque o gás carbônico se dissolve na água, o que indica a presença desse líquido no planeta”, disse a cientista.

Ela comenta que a vida surgiu na Terra dentro de mares, onde a radiação ultravioleta não destruía as moléculas orgânicas. Em locais mais frios, a camada de gelo ficava por cima, liberando e protegendo o espaço abaixo para o desenvolvimento dos organismos. Em outros astros do cosmos, pesquisadores esperam encontrar os mesmos fenômenos.
“Por aqui a vida surgiu e se sustentou nos oceanos por bilhões de anos. Então, nos parece elementar que as nossas melhores chances lá fora estão nos oceanos de planetas extraterrestres”, comentou Zurita.
Encontrar vida ainda é um desafio
O processo de detecção desses compostos ainda é um grande desafio para a comunidade cientifica. “É um trabalho tão complexo que, nem mesmo o nosso maior telescópio tem a capacidade de identificar a composição do planeta de uma vez”, explicou o astrônomo.
Para compreender as características de um astro distante, pesquisadores observam o trânsito dele em frente à sua estrela, que é quando sua atmosfera filtra a luz estelar e cada gás absorve comprimentos de onda específicos. A análise dessas alterações espectrais permite inferir sua composição química.
A equipe do estudo diz que precisará de um a dois anos de análises para confirmar a presença do gás e, possivelmente, de vida. Enquanto isso, cientistas e entusiastas esperam pela solução de um dos maiores questionamentos da astronomia: a humanidade está sozinha no Universo?
“Descobrir vida fora da Terra mudaria minha vida. Seria um grande impacto”, concluiu a pesquisadora.
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