Crânio humano como taça? Como este osso saiu do Caribe e chegou a jantares em Oxford
Acadêmicos de Oxford utilizaram um crânio humano como cálice por anos e o usavam em jantares formais na Faculdade de Worcester (que faz parte da Universidade de Oxford, no Reino Unido) até 2015. É o que revela Dan Hicks, curador do Museu Pitt Rivers que pertence à universidade, em seu livro “Every Monument Will Fall“ (em português, “Todo Monumento Irá Cair”).
Em entrevista ao The Guardian, Hicks disse que queria mostrar as identidades de vítimas do colonialismo, que foram apagadas em razão do racismo e de ideias de supremacia branca.
A ideia era não deixar o debate sobre o legado do colonialismo focado apenas nos britânicos que lucraram com ele e que, hoje, estão representados em estátuas, objetos e instituições com seus nomes. Hicks argumenta que a desumanização e destruição de identidades fazem parte da violência colonial.
No livro, o arqueologista remonta a história do crânio e diz que ele também foi usado para servir chocolates depois de começar a vazar vinho. Hicks não encontrou registro de a quem pertenceu o crânio. Mas a datação por carbono indica que ele tem 225 anos e seu tamanho e evidências circunstanciais sugerem que veio do Caribe e, provavelmente, pertencia a uma mulher escravizada.
Enquanto não se sabe muito a respeito da pessoa a quem pertencia o crânio, a história dele nas mãos dos britânicos é bem documentada. Antes de ir para a Faculdade de Worcester em 1946, ele pertencia a um ex-aluno chamado George Pitt-Rivers, conhecido por ser eugenista.
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O crânio era parte de uma coleção privada de seu avô, o soldado britânico e arqueólogo Augustus Henry Lane Fox Pitt River, que fundou o Museu Pitt Rivers em 1884. Ele, por sua vez, adquiriu o crânio em um leilão naquele mesmo ano do advogado e ex-aluno da Faculdade de Oriel, em Oxford, Bernhard Smith. Hicks sugere que Smith recebeu o crânio de seu avô, que serviu na Marinha Real no Caribe.
A Universidade de Worcester removeu o cálice completamente há dez anos, depois de tomar recomendações científicas e legais. O crânio, em seguida, foi guardado no arquivo “de forma respeitosa, onde o acesso a ele é negado permanentemente”, disse um porta-voz da instituição ao The Guardian.
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