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O que acontece no cérebro quando dormimos?

O sono é um processo biológico essencial para quase todos os animais, incluindo os seres humanos. Ele está diretamente ligado à restauração do corpo e ao equilíbrio das funções mentais, permitindo que o organismo se recupere física e neurologicamente após os períodos de vigília.

Durante o sono, o sistema imunológico se fortalece, os tecidos se regeneram e o cérebro realiza processos de organização e consolidação de memórias.

Animais dos mais diversos grupos dormem de formas variadas: alguns, como os golfinhos, dormem com apenas metade do cérebro por vez; aves podem dormir em voo, e certos répteis e insetos entram em estados semelhantes ao sono.

Apesar das diferenças entre as espécies, o sono é uma constante evolutiva, sinal de sua importância vital para o funcionamento do organismo.

O que acontece no cérebro quando dormimos?

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Imagem Shutterstock/Foto Ly4ezarnaya

Durante o sono, o cérebro entra em um estado altamente ativo e organizado, essencial para manter o funcionamento saudável do corpo e da mente. Embora possa parecer que o cérebro está em repouso durante o sono, ele continua operando em ciclos complexos, executando uma série de funções críticas para o equilíbrio neurológico, emocional, imunológico e cognitivo.

O sono é dividido em duas fases principais: o sono NREM, sigla para “movimentos não rápidos dos olhos”, e o sono REM, que corresponde à fase dos “movimentos oculares rápidos”. Essas fases se alternam em ciclos ao longo da noite, cada um com características e funções distintas.

O sono NREM é composto por três estágios: N1, N2 e N3. O estágio N1 é o mais leve, representando a transição da vigília para o sono. Nessa fase, há uma redução da atividade elétrica cerebral, dos batimentos cardíacos e da respiração. O corpo começa a relaxar e as ondas cerebrais tornam-se mais lentas.

O estágio N2 representa cerca de metade de todo o tempo de sono. Nele, há a presença de padrões específicos nas ondas cerebrais, chamados fusos do sono e complexos K, que indicam a atuação do cérebro em consolidar memórias e bloquear estímulos externos para manter o sono estável.

Já o estágio N3, também chamado de sono de ondas lentas, é o mais profundo. É durante essa fase que ocorrem os processos de restauração física do corpo, fortalecimento do sistema imunológico e liberação de hormônios como o do crescimento. O cérebro, mesmo em atividade reduzida, coordena funções vitais nesse momento.

Imagem do cérebro representando conceito de neuroplasticidade
Imagem: nobeastsofierce / Shutterstock

Após a passagem pelos estágios do sono NREM, o cérebro entra na fase REM, geralmente cerca de 90 minutos após o início do sono. Essa é a fase na qual ocorrem os sonhos mais vívidos. Durante o sono REM, o cérebro exibe padrões de atividade semelhantes aos da vigília, com ondas cerebrais rápidas e irregulares.

No entanto, o corpo entra em uma paralisia temporária, chamada atonia muscular, que impede que os músculos esqueléticos se movam. Essa atonia é essencial para evitar que as pessoas ajam fisicamente seus sonhos.

A fase REM é fundamental para a regulação emocional, consolidação da memória e processamento de aprendizados adquiridos durante o dia. Estudos demonstram que o cérebro, ao revisar informações durante o sono REM, reforça conexões neurais importantes e descarta aquelas consideradas desnecessárias.

Esses dois tipos de sono alternam-se em ciclos de aproximadamente 90 a 110 minutos durante toda a noite. Cada ciclo tende a conter períodos mais longos de sono REM à medida que a noite avança, enquanto o sono profundo (N3) predomina nos primeiros ciclos.

Essa organização permite que o cérebro realize funções distintas ao longo da noite. Interrupções nesses ciclos, seja por insônia, apneia do sono ou outros distúrbios, afetam diretamente a capacidade do cérebro de executar tarefas como regular o humor, consolidar memórias e manter o corpo em equilíbrio.

Pessoa dormindo
Pessoa dormindo / Crédito: Prostock-studio (shutterstock/reprodução)

Durante o sono, o cérebro também ativa um sistema conhecido como sistema glinfático. Trata-se de uma rede de canais responsável pela remoção de resíduos metabólicos acumulados durante o período de vigília.

Entre essas substâncias estão proteínas como a beta-amiloide, que em níveis elevados estão associadas à doença de Alzheimer. Esse processo de “limpeza cerebral” ocorre com mais eficiência durante o sono profundo, quando as células cerebrais encolhem levemente, aumentando o espaço entre elas e permitindo que o líquido cefalorraquidiano circule mais livremente.

Essa descoberta, confirmada por estudos com neuroimagem, reforça a ideia de que o sono é uma ferramenta biológica essencial não apenas para o funcionamento diário, mas também para a prevenção de doenças neurodegenerativas.

Além dos aspectos fisiológicos, o sono influencia diretamente a função cognitiva. Pesquisas apontam que uma boa noite de sono melhora a capacidade de atenção, resolução de problemas, raciocínio lógico e tomada de decisões.

Durante o sono REM, em especial, o cérebro é capaz de fazer associações criativas e reorganizar memórias de forma que ideias aparentemente desconexas ganhem sentido. É também nessa fase que o cérebro revisita memórias emocionais, ajudando a regular a resposta a traumas ou experiências estressantes.

Tomografia computadorizada de um cérebro humano
(Imagem: Triff/Shutterstock)

A ausência ou má qualidade do sono afeta não só o cérebro, mas o organismo como um todo. Distúrbios do sono estão associados ao aumento do risco de hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2, depressão, ansiedade e declínio cognitivo precoce.

Mesmo uma única noite mal dormida pode prejudicar a capacidade de concentração e resposta rápida, o que demonstra como o cérebro é sensível à privação de sono.

Dessa forma, entender o que acontece no cérebro quando dormimos é compreender que o sono não é uma pausa na atividade cerebral, mas um processo ativo, dinâmico e vital. Ele é fundamental para manter o equilíbrio interno do corpo e da mente, promovendo recuperação física, processamento emocional, consolidação de memórias e proteção neurológica de longo prazo.

Com informações de National Institute of Neurological Disorders and Stroke.

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