DestaqueEconomiaNewsPrincipais notícias

Análise | Once Upon a Puppet: o espetáculo indie onde a amizade é feita de linha, trauma e um pouco de bug

Sabe aquele sentimento de quando você encontra uma caixa de brinquedos no sótão, toda empoeirada, com marionetes de madeira que parecem ter visto mais do que você? Once Upon a Puppet é isso. Só que com puzzles e uma trilha sonora que parece ter sido composta dentro de um coração partido com glitter. 💔✨

Comecei esse jogo achando que ia ser “só mais um plataforma 2.5D fofinho”, e terminei chorando como se tivesse assistido um episódio de BoJack Horseman no meio de uma ressaca emocional. Porque sim, meu caro leitor, este jogo é lindamente triste, e isso é um elogio.

🎭 Marionetes quebradas e teatro quebrado — bem-vindo à metáfora

Você joga como Nieve, uma assistente de palco expulsa do teatro (sim, como se o teatro fosse um lugar com CPF e coração gelado). E ela acaba amarrada (literalmente) ao Drev, um fantoche que fala demais e tem o charme de um sidekick que claramente já passou por umas boas sessões de terapia… e não gostou de nenhuma.

A dinâmica entre eles me lembrou um pouco Anna e Olaf, se a Anna fosse gótica e o Olaf tivesse lido Nietzsche. Eles brigam, se estranham, e aos poucos constroem uma relação cheia de camadas. E é nessa relação que o jogo brilha. Once Upon a Puppet não é sobre “salvar o mundo” — é sobre tentar costurar as partes rasgadas da alma com linhas que nem sempre são suas.

🧩 Puzzles, plataformas e pequenas crises existenciais

A jogabilidade é aquela mistura deliciosa de Unravel, Little Nightmares e uma pitada de Brothers: A Tale of Two Sons. Você precisa alternar entre os personagens, resolver puzzles que envolvem cordas, mecanismos e, às vezes, sua sanidade. A física nem sempre colabora, o que me fez lembrar de quando a gente tenta fingir estabilidade emocional só porque “parece que tá tudo funcionando”.

Tem momentos que o jogo exige sincronia entre os personagens que quase me fizeram ligar pra um ex só pra ver se a gente ainda funciona em dupla. Mas no fim, resolver cada quebra-cabeça dá aquela sensação de “tá vendo? Eu consigo!” — o que é praticamente o slogan da terapia, né?

🎨 Cenário: o palco mais melancólico desde Moulin Rouge

Visualmente, Once Upon a Puppet é uma aula de estética teatral. Parece que cada cenário foi desenhado com pinceladas de saudade. Tem cortinas rasgadas que parecem esconder verdades, holofotes que iluminam só o que você não queria ver, e um fundo sempre um pouco escuro, como se alguém tivesse jogado um balde de noite nas bordas do cenário.

É uma vibe que mistura Coraline com Limbo, mas com o figurino de O Estranho Mundo de Jack e o coração de Inside Out (versão da Tristeza dirigindo o painel de controle). Ah, e a trilha sonora? Toca como uma caixinha de música esquecida que insiste em girar mesmo sem mola. Em outras palavras: perfeita.

💔 Bugs e tropeços — porque até o teatro mais bonito tem bastidor bagunçado

Agora, sejamos sinceros: o jogo tem bugs. Não do tipo “quebrou tudo”, mas do tipo “opa, era pra essa alavanca puxar isso mesmo?” ou “por que o Drev travou no cenário como se tivesse uma crise existencial ali?”. É quase poético, se você for paciente. Mas eu entendo quem joga dizendo “isso aqui ainda precisava de um polimento”.

Ainda assim, os bugs acabam soando menos como falhas e mais como… cacos de vidro no meio do espelho. Você vê seu reflexo mesmo assim, mas sabe que ele não é perfeito. E, de algum jeito, isso até combina com o tom do jogo.

📜 Narrativa: cordas invisíveis e laços que não se cortam

O enredo de Once Upon a Puppet não é uma história linear cheia de reviravoltas — é uma fábula introspectiva sobre amizade, exílio e pertencimento. A trama vai se desenrolando em pedacinhos, igual lembrança fragmentada depois de um sonho muito estranho.

Tem algo meio Alice no País das Maravilhas, só que com todo mundo deprimido e cada personagem secundário parecendo esconder uma metáfora sobre abandono parental ou insegurança social. É aquele tipo de jogo que te deixa com uma pergunta na cabeça: “será que essa dor que eu sinto é minha ou do boneco que eu tô controlando?”

Spoiler: é dos dois.

Prós:

  • Direção de arte lindíssima com clima de teatro antigo
  • Trilha sonora poética e melancólica
  • Dinâmica emocional entre os protagonistas
  • Narrativa cheia de simbolismos e camadas
  • Puzzles criativos e variados

Contras:

  • Bugs ocasionais que atrapalham a imersão
  • Alguns puzzles mal explicados ou repetitivos
  • Ritmo narrativo lento pode afastar jogadores mais impacientes

Nota Final: 8/10

Jogar Once Upon a Puppet foi como assistir uma peça de teatro onde os atores erram as falas, mas o silêncio entre elas diz tudo. É um jogo que quer que você pense, sinta, e talvez chore um pouquinho no meio do caminho. Se você é do tipo que ama jogos como Gris, Journey, Spiritfarer ou Ori and the Blind Forest, vai encontrar aqui mais uma joia sensível, torta e maravilhosa pra guardar no coração. Se você gosta de correria, combate e explosão… talvez vá achar tudo meio lento e introspectivo demais. Mas, sinceramente? A vida também é. Se você gosta de jogos que são mais sentimento do que ação, mais poesia do que progresso, e mais beleza do que precisão… Once Upon a Puppet é seu ingresso para o palco da saudade. E eu? Tô aqui ainda ouvindo a musiquinha do menu, pensando se a gente também não é um pouco feito de linha — puxado, amarrado, e tentando se manter inteiro.

The post Análise | Once Upon a Puppet: o espetáculo indie onde a amizade é feita de linha, trauma e um pouco de bug first appeared on GameHall.

Facebook Comments Box