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Análise | Mostroscopy: o jogo de luta que saiu direto de uma fita VHS riscada e invocou o capeta do carisma

Cara… tem jogo que a gente olha e pensa: “isso aqui é diferente”. Mas Mostroscopy? Esse aí parece que saiu de uma convenção de cosplay que deu errado, passou numa locadora nos anos 90, tropeçou num ringue de lucha libre e caiu de cabeça num console quebrado que só roda fita com chiado. E é aí que tá o charme: o jogo é feio, estranho, simplório — e é justamente por isso que ele é tão legal.

Não é um jogo de luta pra quem quer frame data, mix-up de 3 camadas e reset de barra com cancelamento japonês. Aqui, é pancadaria com cheiro de mofo, combo que se faz no feeling, e um cast de personagens que parece ter saído de um brainstorm entre o Freddy Krueger e o Santo (o lutador mexicano, não o celestial).

Estética de terror retrô, VHS, e um delírio coletivo visual

Vamos começar pelo visual, porque Mostroscopy é o tipo de jogo que te ganha pelo zóio. Mas não porque é bonito — longe disso — é porque ele sabe exatamente onde tá pisando. Cada luta parece que tá sendo gravada por cima do casamento da sua tia em 1987, com direito a rastros de fita magnética e aquele filtro que faz qualquer cena parecer uma sessão da Cine Trash com o Zé do Caixão apresentando.

E os personagens? Meu amigo, é um desfile de aberração que faria qualquer estúdio da Universal ficar com vergonha por não ter pensado nisso antes. Temos o Graf Von DrakenHausen, que é tipo o Drácula depois de três noites seguidas no Clube da Luta. Tem a Kitty, uma lobisomem com poderes de gelo — porque claro, por que não? — e a La Mujer Vampiro, que mistura Carmen Sandiego com um finisher da WWE.

Agora, junta isso com cenários em preto e branco, efeitos de filme podre, blood-splats que parecem ketchup vencido e uma trilha sonora que parece remix de Miami Connection. Resultado? Charme. Muito charme. Aquela vibe trash com alma — que sabe que é trash e se orgulha disso.

Gameplay: dois botões e uma oração

Vamos falar de gameplay, porque aqui o bagulho fica… peculiar.

O sistema de combate de Mostroscopy usa dois botões de ataque. Isso mesmo. Não tem botão de chute, soco forte, soco fraco, Hadouken reverso, não. É pimba-pimba e já era. E sabe o que é mais doido? Funciona. Funciona porque o jogo não tá nem aí pra profundidade. Ele quer que você escolha seu monstrengo, pule direto pra porrada e se divirta. Simples assim.

Os golpes especiais são ativados com um botão só e a direção. Lembra de Super Smash Bros.? Agora tira o equilíbrio, o polimento e a variedade. Pronto, você tem Mostroscopy. Mas mesmo assim, cara… tem alma. O jogo vibra com cada porrada, o contador de combos te joga números na cara como se dissesse “olha mãe, fiz arte!” e a IA reage com um timing que, embora meio burro, é simpático.

Nota do RumbleTech: Vai frustrar quem gosta de jogar de Akuma no Street Fighter III: Third Strike. Mas vai entreter aquele seu primo que só quer bater e ver sangue digital voar. E às vezes, é isso que a gente precisa.

Elenco mais exótico que festival de cinema de terror

Cara… se eu pudesse dar um Oscar pra direção de elenco em jogo de luta indie, eu dava pra essa galera. Cada personagem aqui parece ter saído de uma sessão dupla de piração coletiva.

  • El Fausto: um luchador que fez pacto com o demônio pra salvar a mina dele. Porque é claro que fez.

  • Eda & Yolanda: irmãs gêmeas com planos malignos da mãe. Provavelmente cozinham feitiçaria no café da manhã.

  • Starman: o chefe final que parece um figurante de Power Rangers rejeitado. Não assusta, mas é tão bizarro que funciona.

E o melhor? Cada um tem sua historinha contada no modo arcade com diálogos dignos de novela mexicana com roteiro de filme B americano. Sério, é puro suco de VHS. Você joga, termina e ainda ganha uma cena final em estilo quadrinho contando o desfecho do personagem. É brega? Muito. É bom? Melhor que muito triple-A tentando ser edgy e falhando miseravelmente.

Modos de jogo: simples, direto, e com Jukebox (!)

Tem modo história (que é aquele arcade clássico com começo, meio, fim e boss de armadura dourada), modo versus (pra chamar aquele seu amigo que jura que manja mas só aperta botão), modo desafio/tutorial e até uma Jukebox, onde você pode ouvir as músicas do jogo. Isso mesmo, tipo os jogos da Namco no PS1. Só faltou o minigame de boliche no menu.

O modo desafio ensina o básico, mas não espere uma faculdade de combos como Guilty Gear. Aqui é tipo um supletivo de porrada. Aprendeu o básico? Vai pro pau.

Pontos altos, pontos baixos e aquele sentimento de “jogo de galera”

O ponto mais forte de Mostroscopy é que ele tem personalidade até demais. Ele não tenta copiar ninguém. Ele não quer competir com Tekken, Mortal Kombat ou Skullgirls. Ele só quer existir como uma homenagem (ou paródia descarada?) de um passado que nunca existiu, mas que a gente queria que tivesse existido.

Por outro lado, a simplicidade dos controles pode afastar a galera que curte dominar sistemas complexos. Não tem parry, cancel, dash combo ou tech throw. Se você joga pra ganhar EVO, passa longe. Mas se você joga pra dar risada com os amigos, aí é só alegria.

Ah, e tem que falar: o polimento técnico ainda precisa de um amorzinho. Tem algumas travadas, uns hitboxes meio suspeitos, e umas animações que parecem feitas no MS Paint animado no PowerPoint 2003. Mas cara… é tudo parte do charme.

E aí, vale a pena?

Depende. Se você é o tipo de jogador que gasta horas no training mode pra aprender combo com just frame em Tekken, você vai jogar Mostroscopy por 5 minutos e desinstalar com raiva. Agora, se você é daqueles que curtem uma noite de cerveja, amigos e caos absoluto na tela — esse jogo é uma joia rara.

Mostroscopy é como aquele filme cult que passa de madrugada e que ninguém entende, mas todo mundo ama. É aquele jogo que te dá saudade de algo que você nunca viveu, mas parece que sim. É bagunçado, exagerado, nostálgico e divertido.

Prós:

  • Estética VHS e terror retrô lindamente horrível
  • Elenco carismático e bizarro que parece ter saído do hospício do Halloween
  • Simples, acessível e direto ao ponto
  • Trilha sonora que parece que saiu de um filme do John Carpenter bêbado
  • Modo Jukebox (sim, isso é um pró sim senhor)

Contras:

  • Sistema de combate extremamente simples (pra alguns, raso até demais)
  • Falta de polimento técnico em animações e hitboxes
  • Chefão final meio anticlimático
  • Pode parecer bobo demais pra quem busca profundidade competitiva
  • Duração curta do modo história

Nota Final: 7/10

Mostroscopy não é o melhor jogo de luta do mundo. Nem do bairro. Talvez nem da feira de ciências. Mas ele não quer ser. Ele quer te fazer rir, te dar um soco na cara com um personagem que parece ter saído da mente de um fã de horror dos anos 80, e depois te abraçar com a trilha sonora mais brega que você já ouviu desde Top Gun. E por isso, merece respeito. Porque às vezes, o que a gente precisa é só de um jogo que te lembre que jogar videogame pode ser divertido sem manual de 80 páginas.

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