Análise | NUSNUR: O multiverso onde até seu trauma tem final alternativo e cabelo colorido
Oiêêê
Aqui é a Magali — mas pode me chamar de Pixel, como sempre!
E hoje eu trouxe pra vocês uma análise cheia de brilhinhos, reflexões e explosões emocionais (com trilha sonora etérea, claro) sobre um jogo que parece ter sido feito dentro do coração de alguém que misturou um pouco de Undertale, um tiquinho de NieR: Automata e uma boa dose de desespero adolescente com overdose de açúcar cósmico.
Tô falando de NUSNUR — sim, com esse nome que parece barulho de mágica ou nome de uma criatura mística dos livros da Rainbow Rowell. E posso dizer? Eu simplesmente amei o jogo. Mas não de um jeito “amei a gameplay”, e sim de um jeito “amei porque ele me fez refletir sobre minha vida enquanto eu dava espadada em entidades metafísicas, sabe?”
O que é NUSNUR? Além de um glitch emocional em forma de RPG…
Vamos lá: você controla uma protagonista fofa e um pouquinho angustiada chamada Nimbus Seynasirun (nome digno de princesa elfa que faz faculdade de sociologia), e sua missão, tecnicamente, é… buscar felicidade.
Sim, eu sei, isso parece um roteiro de comercial de chá relaxante com lavanda. Mas calma, o buraco (ou melhor, o multiverso) é muito mais embaixo.
O jogo te joga dentro de um montão de universos diferentes, cada um com regras próprias, visuais mutantes e estilos de gameplay que mudam como cabelo em fase de transição capilar: do hack-and-slash mais frenético até lutinhas por turno dignas de Final Fantasy Tactics feat. LSD. E o melhor: tudo isso guiado por decisões que você faz baseadas no seu jeitinho de jogar.
Sim, suas escolhas moldam o universo. Tipo quando você decide se vai responder a mensagem do ex ou se vai fingir que o universo apagou ela automaticamente.
Mecânicas: “jogue como quiser, mas não reclame do resultado depois”
A primeira coisa que você precisa saber: NUSNUR não tem pena de você.
Se você escolheu ser agressiva, o jogo devolve com inimigos que parecem ter feito aula de krav magá com capeta. Se você tenta ser pacífica, ele te joga num lugar onde a passividade te deixa mais vulnerável do que personagem de anime que diz “eu acredito na bondade humana” antes de levar uma espadada no peito.
Mas essa é a beleza dele, né? Você escolhe como jogar, e o universo reage. É basicamente o Tinder das decisões cósmicas.
E aí tem o plot twist: às vezes, o jeito que você joga diz mais sobre você do que você queria admitir. Tipo aquele momento em que você percebe que está sempre escolhendo “ignorar” nas opções de diálogo porque não aguenta mais se envolver com ninguém. O jogo nota. O jogo guarda. O jogo responde.
Visual: estética de crise existencial com filtro de glitter
O pixel art de NUSNUR é absurdamente fofo. Mas não é só fofura gratuita. É aquele tipo de arte que esconde muita dor atrás de olhinhos brilhantes. Tipo boneca de porcelana que já viu guerra, sabe?
Cada universo é um desfile de moda cósmica diferente. Tem floresta de delírios, cidade futurista com céu roxo e deserto existencial onde até o vento parece estar triste. Tudo cuidadosamente desenhado com um quê de “minha estética no Tumblr em 2014”.
E a trilha sonora… ai, a trilha! É como se Cécile Corbel fizesse amizade com um sintetizador e decidisse que todas as músicas deveriam soar como despedidas de verão com sabor de sorvete de uva. É linda, melancólica, empolgante e às vezes dá vontade de parar de jogar e só ouvir, com uma manta e uma gata no colo.
Filosofia, mas com espadinha brilhante
Agora segura essa porque a parte filosófica vem aí com tudo.
NUSNUR é sobre felicidade. Mas não aquela felicidade de “ganhei um pudim” (embora, né, isso ajude). É a felicidade no meio do caos, do trauma, da fragmentação de quem você é em pedaços que vivem em realidades paralelas onde às vezes você foi guerreira, às vezes foi vítima, às vezes só quis dormir mais cinco minutos.
Ele questiona: o que é “você”, se cada escolha que você faz cria outra “você” diferente? E o que acontece quando todas essas versões resolvem te visitar num chá de reconciliação multiversal?
O jogo joga essas ideias na sua cara, assim mesmo, enquanto te dá controle de habilidades mágicas e chefes que parecem sair de um pesadelo de Pixar distorcida.
Mas não se preocupe: tem muita piada boa (e ruim)
Apesar de toda a profundidade filosófica, NUSNUR tem o tipo de humor que a gente gosta: aquele que aparece do nada, no meio de um diálogo sério, só pra te lembrar que a vida é absurda demais pra ser levada 100% a sério.
Tem personagem que solta piada de tio do churrasco intergaláctico. Tem narrador que dá shade nos seus erros (“Talvez você devesse ter prestado mais atenção… mas quem sou eu pra julgar, né?”). E tem aquele tipo de ironia passivo-agressiva que a gente encontra nos melhores jogos indie — e em ex’s muito educados.
Modo co-op: terapia em grupo? Temos.
Sim, o jogo tem cooperativo. Sim, você pode se perder nos labirintos cósmicos junto com amigos. E sim, isso é maravilhoso e caótico.
Jogar com outras pessoas aqui é tipo fazer terapia em grupo com armas mágicas. Cada um toma decisões, dá pitacos, muda a história. Às vezes é harmonia, às vezes é guerra fria silenciosa. Como um jantar de família em forma de videogame, mas com a vantagem de poder usar poderes místicos pra resolver as tretas.
E quando termina… começa de novo
Com múltiplos finais, variações infinitas de estilo de gameplay e aquela vontadezinha de ver “o que teria acontecido se eu tivesse sido menos rancorosa naquela escolha ali…”, NUSNUR te convida a voltar. E voltar. E voltar.
É tipo relembrar uma conversa importante e ficar repassando tudo na cabeça, só que aqui você pode realmente recomeçar e fazer diferente. E ver que, talvez, mesmo com outro caminho… você ainda é você.
Prós:
- Narrativa profunda, cheia de camadas como cebola emocional
- Estética pixel art linda e expressiva (quero estampar tudo)
- Variedade de gameplay que parece buffet de mecânicas bem temperado
- Trilha sonora de fazer você querer compor um poema
- Humor ácido que beija sua testa depois de te zoar
Contras:
- Pode ser confuso pra quem tá esperando algo linearzinho
- Transições entre estilos podem ser bruscas (tipo trocar de humor sem aviso)
- Alguns diálogos exigem um pouquinho de paciência (e dicionário de metalinguagem emocional)
Nota Final: 8/10
NUSNUR não é só um jogo. É um espelho. Um espelho cheio de glitches, universos paralelos e dilemas embalados em poesia pixelada. Ele vai te fazer rir, vai te frustrar, vai te fazer pensar “por que estou chorando com uma fada-robô que só apareceu 2 minutos?”. Porque ele acerta onde mais importa: no coração. E no ego. E no trauma de escolhas mal feitas em diálogos fictícios. Se você gosta de RPGs que brincam com tudo — inclusive com seu senso de identidade — NUSNUR é mais que recomendado. É essencial. E se a felicidade tá perdida por aí em algum universo paralelo… bem, talvez ela esteja escondida nesse joguinho indie maluco.
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