Análise | Ravenlok: Legendary Edition – o conto de fadas onde você bate em monstros coloridos
Vamos lá. Senta aí, porque o tio RumbleTech vai te contar uma história. Era uma vez uma garotinha que se mudou pro campo, entrou num espelho mágico, ganhou uma espada e virou a heroína de um reino que claramente precisava de terapia em grupo.
O nome disso? Ravenlok. O nome do que você vai sentir depois de umas 3 horas de jogatina? Um misto de encantamento visual com aquele gostinho agridoce de “ué, acabou já?”
Sim, meus amigos, a Cococucumber (sim, esse é o nome do estúdio, não é um prato tailandês), lançou o que promete ser um conto de fadas reimaginado, mas que no fundo é um Zelda Lite meets Alice Emo no País dos Cubinhos com combate simplista e alma de jogo de celular com pretensão de GOTY indie.
O enredo: Alice entrou no espelho e encontrou um roteiro terceirizado
Você começa como uma menina sem nome (até ganhar o nome Ravenlok, claro), numa casa de fazenda, quando — do nada — resolve entrar num espelho como se isso fosse coisa que criança educada faz. Lá, você descobre que é a “escolhida” pra salvar o mundo de Dunia da tal Rainha das Sombras.
Spoiler: ela é má. Porque, né, rainha das sombras…
Dali pra frente, é boss fight, NPC te pedindo favor e exploração pseudo-mágica, num loop que se repete mais que série da Netflix com orçamento.
A história parece escrita por alguém que leu o resumo de Alice no País das Maravilhas, viu umas concept arts no Pinterest e decidiu que dava pra improvisar o resto com ajuda do ChatGPT versão beta.
A jogabilidade: Zelda com anemia e sem cinto de utilidades
Ravenlok quer muito ser um jogo de ação com toque de aventura e exploração. Mas sabe o que ele é mesmo?
Um playground estilizado com combate que até o Link de pijama derrotaria dormindo.
Você tem uma espada, um escudo (que é quase decorativo), bomba mágica e umas habilidades especiais que parecem sair do PowerPoint dos elementais. E pronto. Tá aí seu arsenal pra derrotar a tirania cósmica.
O combate é funcional, ok. Mas repetitivo até pra quem jogava musou achando divertido.
São lutinhas em arenas fechadas, com inimigos que parecem saídos do desfile da Fenda do Biquíni depois de uma rave de ácido. Tudo muito bonitinho, mas sem profundidade. É hack-n-slash de apertar botão e sair pulando feito criança com espada de isopor.
Visual: Ravenlok não é um jogo, é uma exposição de arte voxel
Agora, sejamos justos: o jogo é lindão. Tipo de bonito que você pausa o jogo só pra printar e botar de wallpaper. Cada cenário parece feito pra entrar no portfólio de artista 3D no Behance.
É como se o Moebius, o Tim Burton e um estagiário do Minecraft tivessem uma noite estranha e nascesse Dunia: um lugar bizarro, lindo, surreal e… morto. Porque por mais bonito que seja, falta vida, falta dinamicidade, falta aquele toque que faz o mundo parecer que existe quando você não tá olhando.
É tipo parque temático de cidade do interior: tudo bem decorado, mas ninguém realmente mora ali.
A Legendary Edition é o mesmo jogo… com roupa nova e nome pomposo
A Legendary Edition é mais um selo de marketing do que uma revolução.
Você ganha uns cosméticos, uns ajustes de performance e o direito de dizer que “jogou a versão definitiva” de um jogo que dura 4 horas, sendo 1 só andando e pegando item pra NPC que parece estar preso no ciclo eterno do “me ajude, por favor, prometo que serei útil… ou não.”
É tipo comprar camiseta comemorativa de Copa do Mundo: o evento já passou, mas pelo menos é bonita.
Missões e exploração: o reino de Dunia e o MBA em fetch quests
Você é o herói. Mas também o carteiro, o encanador, o eletricista e o Uber da floresta encantada.
As missões em Ravenlok seguem o clássico “vá até ali, pegue aquilo, volte aqui e ganhe um negócio que você não vai usar”. Em algum momento, você vai se perguntar se não tá jogando uma DLC perdida de Animal Crossing gótico.
Não tem mapa. Não tem orientação clara. Tem muito “adivinha onde eu tô” e pouco “te ajudo a chegar lá”.
E o que Ravenlok realmente ensina?
Ravenlok, acima de tudo, é uma experiência existencial. Um lembrete de que nem toda beleza tem conteúdo, e que nem todo jogo fofo é fofo o suficiente pra compensar gameplay raso.
É um jogo sobre lutar contra o mal… com uma espada de brinquedo. É sobre salvar o mundo… enquanto coleta florzinha pra coelho mágico.
É sobre se tornar a escolhida… numa campanha que parece ter sido escrita na pressa porque o almoço tava pronto.
Mas sabe de uma coisa? Talvez seja essa a lição: nem todo mundo que entra num espelho precisa sair herói. Às vezes, só precisa sair com um bom print.
Comparações inevitáveis (e mais divertidas que o combate):
-
Alice: Madness Returns te fazia questionar a sanidade do mundo.
Ravenlok te faz questionar o porquê da espada não fazer barulho. -
Tunic te enganava com fofura e depois te triturava com puzzle.
Ravenlok te entrega a fofura… e depois te dá um tutorial de 20 segundos. -
Zelda: Link’s Awakening era sonho.
Ravenlok é cochilo com visual de clipe da Björk. -
Até Kingdom Hearts, com toda sua confusão filosófica, tem mais peso nos diálogos que Ravenlok tentando ser épico com frases tipo: “o destino nos uniu!”
Ah, uniu sim, pra me fazer matar 3 sapos e levar um bule pra uma coruja, né?
Mas e aí, vale a pena?
Depende.
Se você quer um jogo curto, lindão, tranquilo, com cara de demo técnica estilizada, vai fundo.
Se espera um action RPG com história profunda e combate que te deixa suando, fuja como se o espelho fosse amaldiçoado mesmo.
E claro: jogue no PC. No console, as animações já caem pra 30 FPS quando tem duas partículas na tela.
Aqui no PC, você vive o conto de fadas em 144hz e com sombra realística no voxel do chapéu da rainha.
Prós e Contras
Prós:
- Visual espetacular, dá vontade de morar no jogo (sem interagir com ninguém)
- Música ambiente que acalma até depois de perder no LoL
- Acessível pra quem nunca jogou nada além de Candy Crush
- Ideal pra relaxar e fazer screenshots artísticos
Contras:
- Combate simplório ao ponto de parecer minigame de tutorial
- História rasa com diálogos que parecem tirados de calendário motivacional
- Missões repetitivas com cara de “me ajuda aqui rapidinho?”
- Curto demais pra quem esperava jornada, longo demais pra quem esperava demo
Nota Final: 7/10
Ravenlok: Legendary Edition é tipo aquele livro infantil que você compra pela capa. Você abre, lê em meia hora, fecha e pensa: “pô, bonito… mas só isso?” Se fosse um sorvete, seria de casquinha colorida, mas com gosto de água. Se fosse uma série, seria um episódio piloto com final já incluso. Mas se for pra jogar com os olhos e o coração leve, tá valendo. Ravenlok pode até te levar pra um mundo mágico. Mas só o PC leva com Ray Tracing ligado e 0% de stuttering.
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