Análise | Yasha: Legends of the Demon Blade — Entre demônios, espadas e destinos cruzados
Tem jogos que a gente entra só pra dar uma olhadinha e quando vê… já tá pensando neles enquanto faz café, já sonhou com as trilhas sonoras e já começou a escolher seu personagem favorito como se fosse parte da família. Yasha: Legends of the Demon Blade, do estúdio 7QUARK, é bem assim.
Um daqueles action roguelites que parecem só mais um, mas têm alma, têm charme e, principalmente, três histórias pra lá de envolventes.
Mesmo vindo de uma campanha no Kickstarter, o jogo já tinha a base bem adiantada — o que é ótimo, porque evita aquela decepção de projeto promissor que não decola. Na real, o próprio produtor colocou tudo o que tinha no orçamento do jogo, e isso já mostra o quanto o projeto era pessoal, quase artesanal. E olha… isso transparece.
Três heróis, três formas de sentir
Logo de cara, você escolhe entre três protagonistas, cada um com um jeitinho único — tanto na história quanto na jogabilidade:
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Shigure: A samurai determinada que luta contra seu passado e tenta provar seu valor como guerreira. Ela é o ponto de equilíbrio do trio, a mais “neutra”, ideal pra quem quer uma introdução equilibrada ao sistema do jogo. E apesar de seu visual tradicional, a história dela é profunda e até melancólica em alguns trechos.
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Sara: Ahhh, Sara! A emissária Oni com jeitinho impulsivo e coração de ouro. Ela é a dual-wielder (usa duas armas ao mesmo tempo!) e tem um estilo de combate super ágil e explosivo, mas é frágil, então cuidado com o “modo kamikaze”. A história dela é mais leve no começo, cheia de humor, mas guarda momentos bem tocantes lá pro fim.
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Taketora: Um ninja imortal com um estilo mais técnico e diferentão. Ele mistura combate à distância com golpes corpo-a-corpo, exigindo um pouco mais de paciência e estratégia. Sua narrativa é mais contemplativa e filosófica — bem a cara de quem já viu e sobreviveu a muitas vidas.
O mais legal? As histórias deles se cruzam em momentos-chave, e tem uma sensação de continuidade no universo. Dá vontade de jogar os três arcos só pra ver tudo que se conecta. Ah, e a Shigure aparece nas campanhas dos outros dois, ganhando destaque como o coração emocional do grupo.
Combate: preciso, rápido e viciante
Se você curte jogabilidade com impacto e ritmo, vai se apaixonar. O combate de Yasha é uma delícia. Cada movimento tem peso, as animações são fluídas e as batalhas são intensas. Os ataques se dividem entre rápidos e pesados, e você pode usar esquivas seguidas desde que tenha energia no medidor — mas nada de spam, viu? O jogo te obriga a pensar cada passo, principalmente contra chefes.
Cada personagem tem seu estilo próprio, e é legal ver como isso se traduz visualmente e mecanicamente. Por exemplo:
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Sara, por usar duas armas ao mesmo tempo, parece que tá dançando quando ataca — mas qualquer vacilo e ela some num golpe só.
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Taketora, com seu arco, é perfeito pra quem curte zoneamento e posicionamento estratégico.
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Shigure, sem firulas, é ideal pra dominar os fundamentos do jogo.
O sistema de parry (contra-ataque) é intuitivo e até gentil. Você segura o botão pra entrar na postura de defesa e solta na hora certa pra dar o contragolpe. A janela é bem generosa, o que é ótimo pra iniciantes, mas também abre espaço pra sequências avançadas com dano extra — se fizer o timing certinho.
Estrutura roguelite com repetição… e sabor
Sim, o jogo é roguelite e você vai repetir muitas áreas. Mas calma: Yasha consegue suavizar esse looping com runs curtas (cerca de 30 minutos) e progressão persistente. Mesmo que você “morra” numa run, o jogo guarda recursos importantes, como materiais pra crafting, aprimoramentos e desbloqueios de habilidades.
Você volta pra um hub entre as runs onde pode:
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Criar e melhorar armas, cada uma com poderes únicos (tipo espadas que invocam esferas flamejantes ou lâminas que aplicam veneno);
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Aprender novas habilidades, como melhorias na esquiva ou aumento do alcance dos ataques;
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Cozinhar refeições com ingredientes coletados, o que garante buffs temporários (e é fofo demais ver a barraca de comida dos personagens).
O crafting de armas é um dos pontos mais legais: ele realmente muda seu estilo de jogo. Eu fiquei viciada em uma espada da Shigure que invoca escudos quando você acerta combos — me salvou de cada enrascada!
Mundos belos e levemente repetitivos
Visualmente, o jogo é um encanto. As cores vibrantes, os traços inspirados na arte tradicional japonesa e o design dos inimigos criam uma atmosfera quase de conto de fadas sombrio.
Mas sim, há repetição de salas e cenários — o que pode incomodar quem busca novidade constante. Os chefes também não variam muito entre os personagens, o que tira um pouco da sensação de exclusividade em cada campanha.
Contudo, a personalização de builds e o ritmo rápido fazem com que essa repetição não seja um problema grave. Ainda mais com a trilha sonora linda te embalando…
Trilha sonora e performance
A música de Yasha merece um parágrafo só dela. Ela mistura instrumentos tradicionais com toques modernos, criando um pano de fundo emocional perfeito. Há momentos em que ela some, deixando só os sons dos passos na neve… e de repente, volta com tudo em um confronto. Arrepiante.
Sobre o desempenho: o jogo roda bem, com exceções de alguns bugs gráficos pequenos, como textos que ficam na tela ou comandos que falham em momentos específicos. Também teve gente relatando que só conseguiu começar uma nova rota depois de terminar a anterior — o que parece ser um bug, mas pode ser só design confuso.
Prós e Contras
Prós:
- Combate fluido, responsivo e super estiloso
- Três personagens com histórias distintas e carismáticas
- Customização de armas e builds realmente impacta a jogabilidade
- Trilha sonora belíssima e atmosfera cativante
- Progressão persistente torna cada run significativa
- Parry intuitivo e acessível
Contras:
- Repetição de salas e inimigos entre as rotas
- Chefes não exclusivos por personagem
- Alguns bugs e problemas de UI
- Falta de animações em certas cenas narrativas
Nota Final: 8/10
Yasha: Legends of the Demon Blade pode até não reinventar o gênero roguelite, mas entrega uma das experiências mais charmosas e bem-polidas do estilo. A ação é deliciosa, as histórias são emocionantes e o sistema de progressão é envolvente. Pra quem gosta de jogos com alma, onde cada personagem tem algo a dizer (mesmo que em silêncio), Yasha é um presente. É sobre demônios, sim — mas também é sobre humanidade. Sobre perda, persistência, e o jeito que cada um encontra de continuar. E se você tava em dúvida se valia a pena conhecer esse conto de espadas e redenção, aqui vai meu conselho de pixel pra pixel: joga sim. Vai por mim — às vezes, uma boa lâmina e um coração firme são tudo que a gente precisa.
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