Como a Inteligência Artificial afeta o meio ambiente e o que fazer sobre isso
A Inteligência Artificial já faz parte do nosso dia a dia, das redes sociais aos serviços de streaming, passando por assistentes virtuais e ferramentas de produtividade. Mas você já parou para pensar que todo esse avanço tecnológico também tem um custo ambiental?
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No episódio de quinta-feira (15) do Podcast Canaltech, conversamos com o especialista em ESG da Blueshift, Geovane Altacho, para entender melhor como a Inteligência Artificial impacta o meio ambiente e, mais importante, o que empresas e governos podem fazer para equilibrar inovação com responsabilidade ambiental.
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IA consome energia, água e gera resíduos
A maioria das pessoas imagina a IA como algo “virtual”, sem impacto físico. Mas a realidade é outra: por trás de cada comando de voz, mensagem no chatbot ou geração de imagem por IA, há milhares de servidores trabalhando. Eles consomem energia elétrica, precisam ser resfriados com água e, quando descartados, viram lixo eletrônico.
“Se você tirou uma foto andando de bike pela manhã e postou nas redes sociais, já causou um impacto ambiental, porque usou equipamentos eletrônicos e toda uma infraestrutura digital que roda em data centers ao redor do mundo”, explica Geovane.
E o que dizer da IA generativa, como o ChatGPT? Os modelos de linguagem são treinados com enormes volumes de dados, exigindo muita energia e capacidade computacional. Ou seja: quanto mais usamos, mais recursos naturais estão envolvidos.
Sustentabilidade e IA: precisa ser um ou outro?
Não. A boa notícia é que a própria IA pode ajudar a reduzir seu impacto ambiental, se usada com responsabilidade. Geovane citou exemplos práticos:
- Na agricultura: sensores e IA ajudam a usar só o necessário de água e fertilizantes, reduzindo o desperdício.
- Na indústria: algoritmos identificam falhas antes que elas aconteçam, evitando desperdício de energia e matéria-prima.
- Na logística: rotas mais eficientes reduzem consumo de combustível e emissões.
- Na economia circular: IA conecta empresas para que o resíduo de uma vire matéria-prima de outra.]
“A Inteligência Artificial pode ser usada como uma aliada poderosa para a transição ecológica, principalmente quando alimentada por energia limpa”, destaca.
Medir o impacto é o primeiro passo para mudar
Um dos pontos mais importantes para as empresas é medir e comunicar os impactos ambientais do uso de IA. E isso já está virando regra em vários setores.
Hoje, empresas precisam fazer inventários de emissões de gases de efeito estufa, que já incluem o consumo de energia relacionado a serviços em nuvem e uso de IA. Esses relatórios ajudam a tomar decisões melhores e mostram aos consumidores e investidores o compromisso real com a sustentabilidade.
“Com o tempo, o uso de IA será um dos itens mais observados nesses relatórios. É como nas embalagens de alimentos: no futuro, talvez vejamos a ‘pegada de carbono’ de um serviço digital, assim como vemos a quantidade de açúcar ou sódio nos rótulos”, explica Geovane.
Por que estamos vendo mais leis sobre IA e sustentabilidade?
A crescente demanda por IA no mundo todo acendeu o alerta em governos e organizações. Países como Alemanha, Canadá, Reino Unido e Brasil já estão discutindo formas de regulamentar o setor de data centers e o uso da IA, para limitar os impactos ambientais e garantir práticas éticas.
O AI Act da União Europeia é um marco importante nesse sentido. Ele cria regras claras para o uso da IA, levando em conta os riscos à privacidade, transparência e direitos humanos. E o Brasil já discute um projeto de lei inspirado nesse modelo.
“Essas regras ajudam a garantir que o avanço tecnológico aconteça de forma equilibrada, protegendo pessoas e o planeta”, afirma Giovane.
Como equilibrar IA e meio ambiente?
Para Geovane, equilibrar inovação e sustentabilidade não é apenas possível, é necessário. “A crise climática já é uma realidade, e a IA veio para ficar. As empresas que quiserem liderar essa nova era precisam agir agora, com visão de longo prazo.”
O Brasil, por exemplo, tem uma vantagem competitiva: sua matriz energética é majoritariamente renovável. Com os investimentos certos, pode se tornar um hub global de data centers sustentáveis.
“Não dá para esperar todas as leis ficarem prontas. As empresas precisam se antecipar, entender os riscos e as oportunidades e começar a agir”, conclui.
Ouça agora o episódio completo do Podcast Canaltech com Geovane Altacho e entenda mais sobre o assunto.
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