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Conheça as mulheres escribas e como contribuíram para a História

As mulheres escribas desempenharam um papel fundamental na produção e preservação de manuscritos durante a Idade Média. Por muito tempo, sua participação foi subestimada ou ignorada nos registros históricos, mas estudos recentes vêm revelando a extensão e a importância de seu trabalho.​

Uma análise bibliométrica publicada na Nature estimou que pelo menos 1,1% dos manuscritos medievais foram copiados por mulheres, totalizando mais de 110.000 textos entre os anos 800 e 1626. Desses, cerca de 8 mil ainda existem atualmente. Essa descoberta desafia a visão tradicional de que a produção de manuscritos era uma atividade exclusivamente masculina. ​

A presença feminina nos scriptoria medievais

Pergaminhos antigos empilhados. Biblioteca de pergaminhos antigos e danificados.
Pergaminhos antigos empilhados (Imagem: Shaiith / Shutterstock)

Embora a imagem comum dos scriptoria medievais seja a de monges copistas, há evidências de que mulheres escribas também atuavam nesses ambientes. Estudos como o de Alison I. Beach destacam a atuação de freiras em mosteiros da Baviera no século XII, como Wessobrunn, Admont e Schäftlarn, onde mulheres colaboravam na produção de manuscritos religiosos e educacionais.

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Essas comunidades femininas não apenas copiavam textos, mas também ensinavam gramática latina e interpretação bíblica, demonstrando um envolvimento profundo na vida intelectual da época. A pesquisa de Beach revela que, apesar das restrições sociais, as mulheres desempenharam um papel crucial na manutenção e disseminação do conhecimento. ​

Evidências arqueológicas e científicas

Detalhe de uma bíblia manuscrita com escrita latina e floreios de ouro - Mulheres escribas
Detalhe de uma bíblia manuscrita com escrita latina e floreios de ouro (Imagem: agsaz / Shutterstock)

Descobertas arqueológicas também corroboram a atuação de mulheres escribas. Um estudo publicado na Science Advances identificou partículas de lápis-lazúli no cálculo dental de uma freira do século XI, sugerindo que ela trabalhava na produção de manuscritos iluminados, já que esse pigmento era utilizado na decoração de textos religiosos. ​

Além disso, análises de colofões — inscrições feitas pelos copistas ao final dos manuscritos — revelaram que muitas mulheres deixaram suas marcas nesses textos. Essas assinaturas fornecem pistas valiosas sobre a identidade e o papel das mulheres na produção literária medieval. ​

A importância de reconhecer as mulheres escribas

Biblioteca única com pergaminhos baseados no alfabeto futhark
Biblioteca única com pergaminhos baseados no alfabeto futhark (Imagem: Shaiith / Shutterstock)

Reconhecer a contribuição das mulheres escribas é essencial para uma compreensão mais completa da história da literatura e da cultura escrita. Seu trabalho não apenas preservou conhecimentos religiosos e científicos, mas também garantiu a transmissão de saberes ao longo dos séculos.​

Estudos como o de Alison Beach, que analisou a produção de manuscritos por freiras na Baviera do século XII, destacam a competência e a dedicação dessas mulheres. Beach argumenta que, apesar das restrições sociais, as mulheres desempenharam um papel crucial na manutenção e disseminação do conhecimento.

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