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Esses dois países da África nunca foram colonizados

Sabemos que a Europa foi responsável por dominar quase o mundo inteiro durante vários séculos desde que começou a viajar para outros continentes. Quando se pensa no assunto, a primeira informação que vem à cabeça é a colonização do Brasil por parte de Portugal, da Espanha em diversos países da América e da Inglaterra nos Estados Unidos.

Além disso, não nos esquecemos dos diversos países africanos que foram colonizados pelos europeus, sendo comum pensar que todo o continente foi dominado por outros países. Entretanto, não foi bem assim: a África não foi totalmente dominada. Existem dois países que escaparam da colonização, e são eles a Etiópia e a Libéria.

E os dois possuem histórias bastante curiosas, sendo que um conseguiu expulsar os colonos, enquanto o outro havia acabado de ser formado por imigrantes. Confira abaixo mais sobre esse assunto.

Quais países da África nunca foram colonizados?

A África é o terceiro continente mais extenso do mundo, e sofreu muito com a colonização europeia, sendo vítima de diversos atos contra seus povos no século XIX. Dos atuais 55 países do continente, apenas a Etiópia e a Libéria conseguiram escapar de serem colonizados, e de ficarem sob o jugo da Europa.

Imagem ilustra a ganância dos países europeus se invadir e apropriar-se de terras alheias (Imagem: Adaptação de Ario Nauro Cartuns)

Depois da ocupação do Egito pelos ingleses no ano de 1887, apenas a Etiópia conseguiu resistir à Partilha da África, comandada pelas grandes potências da Europa para explorar a matéria-prima do local, criando novos mercados de consumo.

Já a Libéria surgiu da invasão de território africano por norte-americanos, que tinham como objetivo se livrar dos negros e manter a raça branca.

Etiópia

Aconteceram diversas tentativas de neocolonalismo no país. Próximo de 1880, a Itália era um dos países mais atrasados da Europa ocidental por ainda ser muito agrário, pobre e recém-unificado.

Bandeira da Etiópia (Reprodução: Wikimedia)

Na época, cerca de 25 milhões de italianos já tinham migrado para outros países, incluindo o Brasil, buscando por uma vida melhor. Pensando em compensar esse fato, o país quis fazer como os outros e arranhar uma colônia na África.

Então, eles começaram pela região da atual Eritreia, acima do Chifre Africano, que foi facilmente incorporada como colônia. Contudo, a ambição continuava, e eles também queriam a Etiópia, um país cristão governado por Menelik II, que se dizia descendente do rei Salomão e da rainha de Sabá.

Então, Menelik fez um acordo de amizade com os italianos, cedendo totalmente a região da Eritreia, pedindo por reconhecimento e fornecimento de armas em troca.

O acordo, infelizmente, tinha um detalhe: a versão em amárico (idioma da Etiópia) colocava à disposição dos etíopes os serviços diplomáticos da Itália, enquanto a versão em italiano obrigava a Etiópia a usar esses serviços, o que acabava tornando o país um vassalo, pouco diferente de uma colônia.

A Etiópia foi subestimada pelos italianos, expulsando os colonos e acabando com a ideia de colonização. (Imagem: Gift Habeshaw)

Isso foi o bastante para que Menelik anunciasse que o tratado não tinha valor, e a Itália concluiu que somente conseguiria dominar a Etiópia com uma guerra.

Assim, cerca de 18 mil soldados italianos saíram para a batalha, esperando encontrar uma população despreparada e fácil de dominar. Engano deles. Na verdade, havia mais de 100 mil etíopes, e 80% com armas modernas, já em posição de ataque.

Isso culminou em um massacre. Horas depois, 7 mil italianos estavam mortos, 1,5 mil feridos e 3 mil capturados. Assim, a guerra acabou na mesma velocidade em que começou, acabando também com a ameaça de colonização naquele país.

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Libéria

O outro país africano que nunca foi colonizado pelos europeus possui uma história interessante: ele foi fundado em 1824 por escravos libertos dos Estados Unidos.

Bandeira da Libéria (Reprodução: Wikimedia)

Na época, uma organização americana chamada American Colonization Society (Sociedade Americana de Colonização, em tradução livre) foi criada sob o propósito de levar escravos libertos e negros nascidos livres “de volta” para a África.

Hoje em dia, essa ideia parece absurda, uma vez que tanto os ex-escravos quanto os nascidos livres eram cidadãos americanos. Porém, naquela época, havia um pensamento racista e escravista que apoiava essa atitude.

Na visão da organização, levar a população negra para a África seria uma forma de impedir o aumento da criminalidade ou dos casamentos inter-raciais.

Apesar de ser uma sugestão que hoje vemos como terrível, foi bastante aceita nos EUA, e o projeto foi financiado usando a arrecadação de dinheiro em vários estados, recebendo apoio até mesmo do presidente da época, James Monroe.

A Libéria foi formada por escravos libertos e nascidos livres que foram levados dos Estados Unidos para o continente africano. (Imagem: Boris Mayer)

Por volta de 1811, o território da Libéria já havia sido definido, e os primeiros migrantes já haviam chegado. Já em 1822, foi criada a capital, Monróvia, que recebeu esse nome como homenagem ao presidente Monroe, e apenas em 1824, o país foi oficialmente chamado de Libéria, que indicava “país da liberdade”.

Em 1847, mesmo com a conexão próxima do seu país de origem, os liberianos declararam independência, e conseguiram se manter fora dos colonizadores europeus.

Contudo, quando a região da Libéria foi demarcada, não foi levado em consideração os povos que já estavam vivendo na região. Sendo assim, a divisão forçada do território levou a conflitos e guerras civis enfrentadas no século seguinte, que resultaram em um país muito pobre e devastado atualmente.

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