Fóssil emplumado dá pistas sobre como os primeiros pássaros começaram a voar
Cientistas do Museu de Campo de Chicago estudaram um fóssil de Archaeopteryx adquirido recentemente, em 2022, e descobriram segredos sobre o voo dos primeiros pássaros do mundo, há 150 milhões de anos. A espécie em questão era um dinossauro emplumado que tinha as primeiras adaptações necessárias para voar, mas ainda mantinha hábitos muito terrestres.
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A chave está nas penas de voo (rêmiges), identificadas pela primeira vez na espécie nos ossos do braço, próximas do corpo, ao contrário dos dinossauros com penas que não voavam.
Quando há um espaço sem penas entre a ponta das asas e o corpo, a aerodinâmica é comprometida e o animal não consegue alçar voo.
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O fóssil de Archaeopteryx e seu voo
Os Archaeopteryx foram descobertos há 160 anos, em uma pedreira na Alemanha, com traços preservados de penas, o que fez a ciência acreditar ter encontrado os primeiros pássaros do mundo. O gênero de animal, no entanto, possui características de dinossauro, como mandíbulas dentadas, uma cauda longa e ossuda e dedos hiperextensíveis, com garras poderosas.

Debatia-se, então, se o réptil teria as adaptações necessárias para o voo.
Uma característica já notada era a assimetria das penas, com um lado do cálamo (tubo da pena) central mais largo do que o outro, algo que está presente em aves modernas e que ajuda no impulso aéreo.
No estudo recente, publicado na revista Nature na última quarta-feira (14), notou-se algo muito importante: a presença das penas no braço, próximas do corpo.
Para a descoberta, o fóssil teve de ser escaneado com tomografias computadorizadas e iluminado com luz ultravioleta, já que os tecidos e ossos eram praticamente da mesma cor do calcário onde estavam preservados. Com isso, foi possível delinear os restos com precisão, cortando o Archeopteryx da rocha submilimetricamente e mostrando como era, realmente, o animal.
O fóssil é o único que possui uma coluna completa, com 24 vértebras, uma a mais do que se pensava.
O espécime também mostrou que a espécie estava começando a desenvolver as características que permitem mover o bico independentemente do crânio, como nos pássaros modernos, e as escamas das patas sugerem que o dinossauro era capaz de subir em árvores, passando a maior parte do tempo no chão.
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