GMW, Meituan, Envision e Mixue: conheça as empresas chinesas que vão investir bilhões no Brasil
Brasil e China reforçaram sua parceria estratégica com um pacote de investimentos de R$ 27 bilhões anunciados nesta segunda-feira (12), em Pequim, durante o Fórum Empresarial Brasil-China. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reuniu mais de 700 empresários dos dois países. A cerimônia marcou a quarta visita oficial de Lula à China e a terceira em menos de três anos, refletindo a prioridade dada ao relacionamento com o maior parceiro comercial do Brasil.
O anúncio é fruto de articulações coordenadas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e envolve setores como energia, mobilidade, tecnologia, indústria farmacêutica e alimentos. Ao destacar a importância da cooperação bilateral, Lula afirmou que Brasil e China “são atores fundamentais nos temas globais” e que a aproximação econômica entre os dois países tende a ganhar ainda mais força.

Com mais de 25% das importações brasileiras vindas da China, os anúncios feitos no Fórum Empresarial Brasil-China evidenciam uma aposta mútua no aprofundamento da cooperação econômica, tecnológica e ambiental.
GMW e Meituan lideram aportes em mobilidade e delivery
A GWM, uma das maiores montadoras da China, confirmou investimento de R$ 6 bilhões para ampliar sua operação no Brasil. A empresa planeja transformar o país em uma base de exportação para América do Sul e México, consolidando o papel brasileiro na transição para veículos eletrificados.

Já a Meituan, gigante chinesa do setor de delivery, anunciou aporte de aproximadamente R$ 5 bilhões para expandir o aplicativo Keeta no Brasil. A expectativa é de que, ao longo dos próximos cinco anos, sejam criados até 100 mil empregos indiretos e entre 3 a 4 mil postos diretos, com a instalação de um centro de atendimento no Nordeste.
Energia verde, indústria farmacêutica e IA estão no radar
Outro destaque é a construção do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina pela Envision, empresa especializada em tecnologia verde. O investimento, de até R$ 5 bilhões, será voltado para produção de combustível sustentável de aviação (SAF), hidrogênio verde e amônia verde.
Na área farmacêutica, a brasileira Nortec Química firmou parceria com três empresas chinesas — Acebright, Aurisco e Goto Biopharm — para construir uma plataforma industrial de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) no Brasil. O aporte será de R$ 350 milhões, com o objetivo de reduzir a dependência externa nesse segmento estratégico.
A Fiocruz também está envolvida em um acordo com a chinesa Biomm, focado na produção nacional de insulina, beneficiando cerca de 16 milhões de brasileiros com diabetes.
Tecnologia e infraestrutura: foco em dados, semicondutores e transporte
No campo da tecnologia, a Longsys, especializada em semicondutores, planeja investir R$ 650 milhões para ampliar a capacidade produtiva em fábricas localizadas em São Paulo e no Amazonas. Já a ABES, Associação Brasileira das Empresas de Software, firmou acordo com o parque tecnológico chinês ZGC para cooperação em inteligência artificial, dados e capacitação de talentos.
A empresa DiDi, dona do aplicativo 99, investirá no setor de delivery e infraestrutura, com destaque para a construção de 10 mil pontos públicos de recarga para veículos elétricos, reforçando os planos de eletrificação da frota nacional.

Bebidas, mineração e produtos brasileiros no varejo chinês
A rede chinesa Mixue, líder global no setor de bebidas, anunciou a entrada no mercado brasileiro com investimento de R$ 3,2 bilhões. A previsão é gerar até 25 mil empregos até 2030, além de importar produtos brasileiros para sua operação mundial, que conta com mais de 45 mil lojas.
Na mineração, o grupo Baiyin Nonferrous investirá R$ 2,4 bilhões na aquisição da mina de cobre Serrote, localizada no estado de Alagoas. O minério extraído poderá abastecer as cadeias de produção ligadas à transição energética.
A ApexBrasil também firmou acordos com empresas como Luckin Coffee, para promover o café brasileiro; Huaxia Film, para divulgar o cinema nacional; e a rede de supermercados Hotmaxx, que venderá produtos brasileiros no varejo chinês.
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Parcerias reforçam o papel do Brasil em cadeias sustentáveis
Entre outros acordos relevantes, destaca-se a criação do Instituto Brasil-China para a Inovação em Biotecnologia, fruto da parceria entre Eurofarma e Sinovac. Já a Raízen Energia e a SAFPAC estão em negociações para fornecimento de bioetanol brasileiro à China, com possíveis investimentos de R$ 1 bilhão voltados à produção de SAF.
No setor agrícola, a REAG Capital Holding e a CITIC Construction colaboram em um projeto para conversão de pastagens degradadas em sistemas sustentáveis de produção. A expectativa é que essas iniciativas ampliem a presença brasileira em cadeias produtivas mais verdes e tecnológicas.
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