Golpe da IA: como é a nova fraude que preocupa seguradoras de carros
Em 2023, a palavra AI (Artificial Intelligence) foi considerada a palavra do ano pelo dicionário Collins. Não é para menos: desde a popularização da IA generativa, essas ferramentas vêm trazendo discussões em todos os setores da sociedade. Apesar de trazer benefícios, como a melhoria da produtividade, a tecnologia veio com desafios no combate a diversos tipos de golpes, como, por exemplo, em empresas de seguros.
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O setor de seguros sempre foi marcado por sofrer tentativas de fraude a partir de montagens, falsificações e outras formas de adquirir o seguro de forma ilegítima. Com o passar do tempo e com a chegada Inteligência Artificial, esses golpes foram ficando mais sofisticados, levando novos desafios para as seguradoras.
Fraudes em sinistros: um velho conhecido das seguradoras
As fraudes em sinistros (eventos que acionam o seguro, como uma batida de carro, por exemplo) já eram uma pedra no sapato de empresas de seguros.
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Antes da inteligência artificial generativa se popularizar, as fraudes comuns envolviam indução ao roubo de veículos, manipulação de batidas para evitar ou reduzir o pagamento da franquia (como simular engavetamentos), e até incêndios criminosos para receber o valor segurado de empresas, como destaca o CEO do Grupo Taysam Seguros e Web, Cleber Gregório de Oliveira Santos.

Com o tempo, mercado de seguros evoluiu bastante e foi se adaptando no acompanhamento e checagem de fraudes, diminuindo o número desses casos.
Por isso, um dos objetivos comuns dessas companhias, segundo Santos, seja pós ou antes do surgimento da IA generativa, é a redução da sinistralidade, por meio do combate a fraudes, o que pode levar à queda do preço dos seguros.
Como acontecem os golpes por IA?
Porém, com a chegada do machine learning e todos os tipos de ferramentas baseadas em IA amplamente disponíveis, a Inteligência Artificial traz desafios e facilita golpes mais sofisticados e complexos.
A geração de imagens, vídeos e áudios falsos, deepfakes e outras estratégias facilitam a criação de evidências fraudulentas e dificultam a identificação desses casos.
Apesar de representarem um número relativamente baixo de casos, os golpes por IA acontecem e são um dos novos desafios para as seguradoras.
De acordo com o diretor de inovação e transformação da MAPFRE, Hugo Assis, “os golpes [com IA] mais comuns são a geração de documentos falsos e a adulteração de imagens, seja de veículos no processo de aceitação do seguro, bem como de danos no momento do aviso de um sinistro”.
Apesar de mais realistas, as fraudes em sinistros mudaram pouco e ainda têm o mesmo objetivo: “desde a tentativa de efetivar o seguro mesmo havendo restrições na aceitação, até a busca por indenização por meio da manipulação de fatos para enquadramento em coberturas”, destaca Assis.

Como os golpes afetam os consumidores?
Engana-se quem pensa que fraudes em sinistro só prejudicam as empresas. Apesar de essas seguradoras serem diretamente impactadas pelos golpes, os consumidores também acabam sofrendo no bolso.
De acordo com pesquisa da Associação de Examinadores de Fraude Certificados (ACFE), as seguradoras registram perda, em média, de 5% da receita ao ano por conta de sinistros fraudulentos. Esse prejuízo é repassado nos preços dos seguros e, consequentemente, aos consumidores, para garantir a competitividade e os lucros das companhias.
Do outro lado da moeda, também há golpes contra os segurados por empresas de fachadas, links maliciosos e contratos não muito vantajosos para os clientes. Todos esses podem conter IA. Isso ocorre muitas vezes por uma falta de entendimento do setor ou mesmo no meio digital.
Por isso é sempre importante verificar nome de URLs, conferir se a empresa é confiável e tomar cuidado na hora de compartilhar dados pessoais.
IA como defesa das seguradoras
A Inteligência Artificial também pode ser aliada das seguradoras no combate a fraudes e golpes.
De acordo com Assis, as seguradoras têm investido em ferramentas avançadas que fazem uso de IA, analytics, machine learning, entre outras tecnologias. O objetivo delas é “identificar com mais precisão manipulações e adulterações, aprimorando a detecção de fraudes nos processos de análise realizados por toda a cadeia de valor do seguro, desde o pedido de cotação ao pagamento do sinistro”, conta o diretor.

Além de combater os golpes de forma eficaz, outro desafio dessas companhias é integrar e investir em Inteligência Artificial, treinar examinadores de fraude e compartilhar informações entre as empresas, fortalecendo o setor.
A responsabilidade e a transparência no uso da IA também devem entrar em pauta, principalmente pelo tratamento de dados dos clientes.
Todos esses passos são cuidados e proteções das seguradoras em antecipação a ataques de cibercriminosos. Como dito anteriormente, casos de golpes com IA não são tão recorrentes, mas devem aumentar conforme a evolução e o acesso a essas tecnologias forem crescendo.
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