Jogamos | Revolta Glamourosa – Quando o desfile vira porrada
Glamour Riot (Revolta Glamourosa) é o jogo que responde à pergunta que ninguém fez: “E se Miss Simpatia fosse dirigida por Tarantino com a direção de arte da Lady Gaga e a sanidade de um programa da MTV dos anos 2000?”
Prepare-se pra uma experiência que te sufoca em lantejoula e te soca com base líquida.
Você já sentiu vergonha de jogar alguma coisa em público? Não porque o jogo era ruim, mas porque ele era tão absurdamente espalhafatoso que sua placa de vídeo parecia gritar “tá me tirando?”. Pois bem, eu joguei Glamour Riot, e meu PC passou do ultrassom visual ao colapso moral.
Esse é um jogo que tenta ser tudo ao mesmo tempo: crítica social, beat ‘em up de passarela, simulador de vaidade e competição tóxica, fashion show com MMA e, claro, caos puro com glitter. O resultado? Uma experiência que parece escrita por um roteirista demitido de RuPaul’s Drag Race após overdose de cafeína.
O enredo: revolução fashion ou delírio coletivo?
Você joga como uma candidata a um concurso de beleza onde o objetivo é ganhar a coroa… ou pelo menos sair viva com a cara menos amassada. Tem desfile, tem avaliação de jurados, tem sabotagem, tem troca de roupa, mas tudo isso intercalado com combate corpo-a-corpo no backstage, usando tudo que estiver ao alcance: secador, escova, spray de cabelo, ou um “catfight emocional” em slow motion.
O roteiro? Ah, tem sim. Um drama cheio de intrigas, rivalidades, sabotagens e frases de efeito do tipo “a verdadeira beleza vem da força interior… e do golpe bem aplicado com salto 15”.
Se você esperava desenvolvimento de personagem, esquece. Aqui o único arco narrativo é o da sombrancelha.
Gameplay: mistura Yakuza com The Sims, mas só se você tiver febre
Pega o combate de Yakuza e remove 70% da técnica. Mistura com o sistema de roupas do The Sims 2. Agora enfia isso num tubo de spray de cabelo com esteroides. Pronto, tá aí o combate de Glamour Riot. Você anda, bate, dá combos com objetos do cenário, ativa um “modo diva” que basicamente é um super ultra especial com close na câmera, efeito de purpurina e barulho de estalo de dedo.
Mas calma, tem estratégia também — ou pelo menos uma tentativa. Você pode sabotar concorrentes, envenenar base de maquiagem, roubar o vestido da rival ou… derrubá-la de propósito durante o desfile.
É o tipo de jogo onde você gasta mais tempo planejando golpes baixos do que combos.
Audiovisual: bonito, brega, brilhante e borderline alucinado
Visualmente, Glamour Riot é o caos cromático. O jogo parece ter sido pintado com highlighter de blogueira em 4K. Cada cenário é uma orgia visual: salão de beleza com neon até no chão, camarins lotados de pôster de si mesmos, e uma iluminação que faria um reality show da Netflix parecer sóbrio.
Os personagens são caricaturas do exagero fashion: bocas gigantes, cílios que poderiam voar sozinhos, maquiagem que beira o expressionismo alemão, e roupas que desafiam as leis da física e do bom senso. É tipo jogar Jojo’s Bizarre Adventure com filtro de desfile da Victoria’s Secret no modo glitch.
A trilha sonora? Uma mistura de K-Pop, BPM de balada underground e techno europeu de 2003. Simplesmente perfeita pro jogo. Eu não sei se queria jogar ou sair dançando com um ventilador de luz estroboscópica na cara.
Comparações? Só se for com pesadelos fashion de alto orçamento
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Bayonetta tem combate estiloso? Beleza, mas ela nunca desfilou em slow motion depois de nocautear uma concorrente com um sutiã de espinhos.
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No More Heroes é bizarro? Sim, mas Glamour Riot tem sabotagem de salto alto com cutscene dramática.
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Dead or Alive Xtreme Beach Volleyball é sexualizado? Sim, mas Glamour Riot entrega mais violência e menos bunda gratuita.
Aqui é porrada com propósito. Aqui é sabotagem com senso estético. Aqui é glamour com veneno.
Mas e aí, funciona?
Funciona como arte performática em forma de beat ‘em up. Como jogo mesmo… depende.
Se você entrar esperando um “jogo sério”, você vai sair traumatizado.
Mas se encarar como uma obra performática interativa onde nada faz sentido mas tudo é intensamente divertido, aí sim — você vai amar esse delírio.
O grande pecado de Glamour Riot é não saber exatamente se ele quer ser só engraçado ou uma crítica social real. Às vezes acerta na veia, às vezes vira só mais um sketch exagerado. A crítica à cultura da beleza, à pressão estética e ao padrão inalcançável tá lá, mas você precisa cavar sob toneladas de gloss labial e confete pra encontrar.
A comunidade? Um mix de “gênio incompreendido” e “o que é isso, pelo amor de Deus?”
Reviews no Steam variam entre:
“Obra-prima do absurdo. Comprei esperando nada e ganhei o caos.”
“Esse jogo é ilegal em 23 países da Europa.”
“Me senti mais bonita só de jogar, mas também perdi 3 pontos de sanidade.”
“Se Lady Gaga fosse um jogo, seria esse.”
O jogo ainda é nichado, mas a galera que embarca na ideia tá abraçando o caos com glitter e orgulho.
Glamour Riot é o equivalente digital de jogar uma bomba de glitter em um desfile de moda e gritar “VOCÊS NÃO ESTÃO PRONTOS PRA ISSO!”. É um caos colorido, performático, desnecessário, exagerado — e absolutamente encantador por ser tudo isso. Você vai rir, vai bater em gente com batom, vai se questionar sobre os rumos da indústria de games e vai sair com vontade de comprar cílios postiços. É um jogo? É. É arte? Talvez. É insano? Com certeza. É necessário? Absolutamente. “A revolta será glamourosa. E vai te nocautear com purpurina.”
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