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Lâminas utilizadas pelos astecas eram de inimigos; entenda

A obsidiana, um vidro vulcânico de corte excepcional, desempenhava papel fundamental na cultura asteca, tanto para fins cotidianos quanto em cerimônias sagradas. Os astecas, também conhecidos como mexicas, tinham tal fascínio por este material que buscavam fontes diversas através da Mesoamérica, inclusive, em terras controladas por povos adversários.

Faca obsidiana maia
Exemplo de faca obsidana maia; astecas também utilizavam tecnologia (Imagem: David Pegzlz/Shutterstock)

Uma pesquisa recente examinou 788 artefatos de obsidiana descobertos no Templo Mayor, centro religioso da antiga capital asteca Tenochtitlán, localizada onde hoje encontramos a Cidade do México.

Aproximadamente 90% destes objetos provinham da Serra de Pachuca, região valorizada pela produção da obsidiana esverdeada chamada “tolteca itztli“, que significa “obsidiana dos mestres“.

Este material de tonalidade verde possuía forte conexão simbólica com a lendária cidade de Tollan, suposta morada da divindade criadora Quetzalcóatl e era utilizado na confecção da maioria dos artefatos cerimoniais encontrados em Tenochtitlán.

No entanto, os pesquisadores identificaram também numerosos utensílios cotidianos, como ferramentas de construção, fabricados com matérias-primas oriundas de fontes menos prestigiosas.

“Embora os mexicas preferissem a obsidiana verde, a grande variedade de tipos de obsidiana, principalmente na forma de artefatos não-rituais, sugere que ferramentas de obsidiana de múltiplas fontes chegavam à capital do Império por meio do comércio, não por aquisição direta na jazida”, explicou Diego Matadamas-Gomora, autor principal do estudo, em nota.

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Astecas pegavam materiais de seus inimigos

  • Na publicação, os cientistas esclarecem que obsidianas de origens diferentes da Serra de Pachuca estavam facilmente disponíveis para os habitantes de Tenochtitlán, sugerindo que “não era, necessariamente, um bem de prestígio para eles, e parece que o estado não controlava sua distribuição”;
  • Em sua análise, os pesquisadores identificaram obsidiana de sete jazidas diferentes além de Pachuca, incluindo algumas localizadas em territórios inimigos;
  • Por exemplo, certos artefatos provinham de Ucareo, região fora do domínio mexica que estava sob controle dos Purépecha – povo rival que os astecas tentaram, sem sucesso, conquistar.

Os autores também observaram uma transformação no uso da obsidiana após a formação da Tríplice Aliança Asteca em 1430 D.C., quando Tenochtitlán consolidou seu poder ao formar um pacto com as outras cidades-estado de língua náuatle: Texcoco e Tlacopan.

A partir deste momento, a obsidiana utilizada para fins rituais tornou-se altamente padronizada e controlada, com o acesso à obsidiana de Pachuca restringindo-se às elites para uso cerimonial.

O estudo foi publicado no Proceedings of National Academy of Sciences.

Detalhes da figura central do calendário asteca Pedra do Sol
Detalhes da figura central do calendário asteca Pedra do Sol (Imagem: Millionstock/Shutterstock)

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