Leilão do 6G no Brasil encontra resistência de provedores de internet pela faixa de 6 GHz
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou, na última semana, seu cronograma para o edital do leilão do 6G, previsto para outubro de 2026.
Em entrevista à CNN, o presidente da agência, Carlos Baigorri, confirmou que a consulta pública sobre as faixas de frequência será aberta em 7 de agosto deste ano, com encerramento também em agosto, e que a disputa pelas frequências ocorrerá entre 5.925 MHz (5,2 GHz) e 7.125 MHz (7 GHz).

Porém, a principal polêmica gira em torno da faixa de 6 GHz, hoje utilizada de forma não licenciada pelos padrões Wi‑Fi 6E e Wi‑Fi 7.
Polêmica do 6G: faixa será ou não liberada?
- A Anatel propõe reservar metade dessa faixa para os serviços móveis — incluindo o futuro 6G — e manter a outra metade para Wi‑Fi;
- A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) contesta a medida e já aprovou, em assembleia, no início de maio, que irá recorrer administrativamente e, se necessário, judicialmente, para garantir o uso integral da faixa de 6 GHz pelos padrões Wi‑Fi;
- “A integralidade da faixa de 6 GHz é essencial para o futuro do Wi‑Fi 6E e Wi‑Fi 7”, defende Breno Vale, diretor‑presidente da Abrint. Segundo ele, “se a Anatel mantiver a decisão de alocar parte da frequência ao 6G, entraremos na Justiça assim que esgotados os recursos administrativos”;
- A Anatel, por sua vez, argumenta que os serviços móveis de sexta geração dependem de espectro amplo e contínuo para oferecer “mais velocidade e menos latência”;
- Em evento recente, o conselheiro substituto da agência, Vinicius Caram, estimou que o leilão de 6G pode atrair cerca de R$ 50 bilhões em investimentos, embora Baigorri ressalte que valores definitivos só serão definidos após a fase de consulta pública e aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Caso siga o mesmo ritmo do 5G, cujo leilão aconteceu menos de 40 dias após a publicação do edital e arrecadou R$ 47 bilhões, a Anatel poderia concluir o certame ainda em 2026.
Porém, a disputa judicial e o intenso uso da faixa de 6 GHz pelos provedores — que já instalam roteadores Wi‑Fi 6E/7 em diversas regiões do País — podem atrasar a “limpeza” do espectro e postergar o início prático do 6G.
“Se conseguirmos adiar o leilão para depois de 2026, ficará inviável limpar a faixa para a venda devido ao avanço da ocupação”, disse um executivo de provedor que prefere não ser identificado ao Mobile Time.
Leia mais:
- Como ativar conexão 5G no celular Android: passo a passo para Samsung, Motorola e Xiaomi
- O que é 5G? Saiba tudo sobre a geração de redes móveis
- Nvidia anuncia criação de rede 6G com IA
Próximos passos da Abrint
Além da ação relacionada à faixa de 6 GHz, a Abrint também aprovou levar ao Judiciário a reversão da extinção da Norma 4, que disciplina obrigações de cobertura e qualidade para provedores de pequeno porte.
Enquanto isso, a Anatel se prepara para gerir uma das maiores disputas pelo espectro já vistas no País, equilibrando o avanço do Wi‑Fi e os ambiciosos planos de conectividade 6G.

A previsão é que, mesmo com recursos e embargos, a publicação do edital em outubro de 2026 seja cumprida — desde que os processos administrativos não se prolonguem além do previsto.
O post Leilão do 6G no Brasil encontra resistência de provedores de internet pela faixa de 6 GHz apareceu primeiro em Olhar Digital.