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O que é a ferrovia chinesa que vai “rasgar” o Brasil? Entenda o projeto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou à China em agenda internacional no início da semana, com anúncio de acordos bilionários envolvendo os dois países. Uma das discussões girou em torno da Ferrovia Bioceânica, um projeto de ferrovia que liga Brasil e Peru – e é do interesse chinês.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, fez parte da comitiva presidencial e destacou o potencial do projeto. Ela reiterou: “o plano é, de fato, rasgar o Brasil de leste a oeste”.

Lula e Xi Jinping ao lado de suas respectivas esposas na frente de bandeiras do Brasil e da China
Visita presidencial foi marcada por cooperação entre países e acordos bilionários para investimento no Brasil (Imagem: Ricardo Stuckert/PR)

O que sabemos sobre a Ferrovia Bioceânica

As discussões sobre um projeto de ferrovia entre Brasil e Peru envolvendo a China não são novidade. Em 2014, a ex-presidente Dilma Rousseff acertou uma parceria com os governos peruano e chinês para o financiamento de estudos sobre o trecho. O assunto voltou à tona na viagem presidencial de Lula, nesta semana.

A Ferrovia Bioceânica vai ligar Ilhéus, na Bahia, ao megaporto de Chancay, no Peru, passando por regiões importantes para o agronegócio brasileiro (como o Matopiba, áreas de fronteira entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

O porto peruano recebeu investimentos bilionários da estatal chinesa Cosco Shipping, mas, para ganhar escala e mais oportunidades na América Latina, precisa da conexão com território brasileiro. No geral, o projeto vai fornecer uma rota de entrada e saída de produtos pelo Oceano Pacífico, com ligação para a China.

Segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, que está desenhando as rotas da ferrovia no Brasil, o traçado ainda não foi definido, mas deve se conectar com outras vias importantes. Por exemplo, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), atualmente em execução, e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), unindo-as ao Peru.

Ferrovia de Integração Oeste-Leste, trecho em construção e que futuramente deve se conectar à ferrovia ‘chinesa’, vai de Ilhéus, na Bahia, a Figueirópolis, no Tocantis (Imagem: Infra S.A./Reprodução)

Ministra destacou potencial da parceria entre China e Brasil no projeto

Simone Tebet, que comanda a pasta, destacou que o projeto “representa uma evolução” e que, se for concretizado, transformará “todo o cenário econômico do Brasil”. Ainda, segundo ela, a ferrovia levará desenvolvimento a uma região rica por conta do agronegócio, mas que ainda não tem infraestrutura adequada.

O projeto da ferrovia tornará o Brasil muito mais competitivo. É uma mudança radical. Impactará diretamente regiões do Norte, Centro-Oeste, interior do Sudeste e do Nordeste. Seu efeito sobre o desenvolvimento é comparável ao que uma reforma tributária provocaria nas indústrias do Sul e Sudeste.

Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento

A ministra também reforçou que os três países têm interesse no projeto que vai “rasgar o Brasil de leste a oeste”. Ela ainda explicou: serão pelo menos 3 mil km para conectar as ferrovias em construção.

Comitiva brasileira na China (Imagem: Ministério do Planejamento e Orçamento/Reprodução)

Em que pé está o projeto?

  • O Ministério escreveu que “projetos ferroviários tendem a ser dispendiosos e demoram para ser concluídos, uma vez que envolvem diversas etapas”;
  • Além disso, a pasta destacou a importância de capital estrangeiro (nesse caso, da China) em um projeto dessa magnitude. A estatal chinesa China State Railway Group está envolvida nas negociações;
  • À CNN Brasil, Tebet afirmou que os chineses ainda estão estudando o projeto e que a ideia é ter uma resposta até a visita de Xi Jinping ao Rio de Janeiro, na Cúpula dos Brics, na primeira semana de julho;
  • Já segundo O Globo, a ex-presidente Dilma Rousseff, atual chefe do banco dos Brics, confirmou que Jinping já aprovou a ferrovia.

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