O que é grinding nos jogos?
Nos jogos, a tarefa de grinding é sempre um grande debate entre o público. Ela se trata de realizar uma tarefa repetida para obter uma determinada recompensa — seja ela através de itens raros, dinheiro, experiência para subir de nível ou o que desejar alcançar.
O conceito se assemelha ao de trabalhar na vida real. Todos os dias você segue para um local, onde passa o dia, semana, mês e ano repetindo ações para obter experiência e dinheiro. A diferença é que, nos games, seu “trabalho” é de matar milhões de criaturas ou minerar itens para atingir o seu resultado.
Ainda que seja famoso nos RPGs para subir de nível e enfrentar ameaças maiores, o grinding está em diversos tipos de jogos: como vemos em World of Warcraft, que permite ao público reunir ouro ou até em Minecraft, no qual o público passa horas com sua picareta para coletar materiais das mais diversas fontes possíveis.
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Para ilustrar melhor para você, o Canaltech vai te mostrar o que é a tarefa de grinding nos jogos e como ela está presente em diversas experiências que você vê na indústria dos games atualmente.

Os diferentes tipos de grinding
Cada tipo de jogo exige que o público passe por um diferente tipo de grinding dentro da experiência. Eles podem servir para os determinados fins:
- Grinding de níveis: é o famoso “farmar XP” que vemos em RPGs e outras experiências que exigem progressão por níveis. Desta forma, os jogadores precisam realizar diversas tarefas que geram mais XP e permita que aumente de nível — visando encarar desafios maiores dentro da aventura. Ainda que tenha ficado famosa em jogos como Final Fantasy e Dragon Quest, ela hoje chega a diversos outros games como God of War e Assassin’s Creed;
- Grinding de dinheiro: você está louco para comprar aquela espada rara ou armadura que é imune contra certos ataques de um chefão? Porém, ela custa caro e você precisa juntar grana de algum modo. A partir daí, os jogos oferecem diversas formas de reunir $$$, como realizar missões paralelas, enfrentar certas criaturas ou coletar materiais que podem ser vendidos por um alto preço;
- Grinding de itens: funciona de forma mais ampla, o que garante diferentes aplicações a cada jogo. Em Minecraft, por exemplo, coletar itens permite criar armas, armaduras e estruturas. No caso de Monster Hunter, isso faz parte da essência da experiência e garante armas e armaduras mais poderosas para vencer os próximos inimigos. Cada um segue seu caminho, dependendo da importância que estes têm em sua construção.
O que todos esses têm em comum é que eles podem ou não se encaixar diretamente na progressão do jogo. Subir de nível pode ser essencial para explorar novas áreas ou derrotar inimigos mais poderosos, enquanto o dinheiro pode trazer aquele carro mais veloz para vencer as corridas ou até um meio de transporte que te leve para outra área.

Já em relação aos itens, muitas vezes isso está diretamente ligado ao objetivo do próprio game. Citamos Minecraft e Monster Hunter, mas também estão inclusos neste estilo jogos como Palworld, Terraria, Valheim e diversos outros — sejam eles de sobrevivência ou não. Há casos em que o mesmo título reúne os três tipos, então é algo que vai de cada proposta.
Como funcionam as mecânicas de grinding?
Para incentivar os jogadores a executar o grinding, cada experiência traz algumas mecânicas específicas que permitem explorar mais de cada título. Uma delas é a utilização do loop de gameplay, ou mais conhecido como o infame “trava-avanço”.
Aqui o público já atingiu um determinado ponto da história e, para continuar, tem de aumentar de nível ou conseguir algum item específico para encarar novos desafios. Além de prolongar o gameplay, ele pode servir também para reforçar alguns aspectos das próprias funções do jogo: treinar o uso de alguma habilidade extra, acertar o ritmo de alguma arma ou coisas do tipo.
Mesmo sendo por uma boa razão, alguns jogos perdem a mão e instruem um grinding severo. Um exemplo disto é os icônicos Pokémon Gold, Silver e Crystal: a maior parte dos monstros selvagens do Mt. Silver estão por volta do nível 40, mas Red — o desafio final e o último campeão da “Liga Pokémon” — tem suas criaturas no nível 80. Boa sorte em conseguir elevar sua equipe até lá sem gastar uma quantidade fenomenal de tempo.
O mesmo pode ser visto em jogos como Diablo e Path of Exile, que possuem grinding para subir de níveis, mas te apresenta uma mecânica mais intensa para encontrar aquela parte da armadura que tanto deseja. Ainda que seu personagem consiga um ritmo bom para ficar mais forte, a chance de virem itens raros é algo que consumirá tempo e suas energias.

A parte excelente disto é que a maior parte dos games traz um sistema de grinding que não pesa tanto e dá um bom senso de progressão. Seja subindo de nível para aumentar de poder ou obter habilidades mais fortes, seja conseguindo a “Armadura do Cavaleiro do Apocalipse X (Rank SSS)” que dá mais 200 pontos de defesa ou qualquer coisa do gênero, isso te ajudará de forma significativa a avançar em sua jornada.
Porém, há uma série de adversidades no grinding que podem atrapalhar a sua experiência. A principal é com jogos que trazem uma dinâmica desleal para este sistema: que pode ocorrer quando há desafios grandes demais para a média de nível atual que seus personagens estão ou até mesmo em questão de sorte para aquele chefão ou inimigo dropar o item ou pedaço da armadura que tanto almeja.
No fim, se resume a uma questão de tempo e para onde está direcionando sua energia. Um título não pode deixar você executando o grinding por horas e horas, senão causa justamente o efeito contrário da diversão: o tédio. Isso sem falar do burnout, já que vira “mais uma” tarefa diária que você tem de resolver para progredir. Vale lembrar que para a maioria das pessoas, os jogos são entretenimento e não um trabalho.
Dito isso, os games tem de ser um hobby para o público. Muitos que estão acima dos 18 têm de dividir seu tempo com diversas outras atividades: relacionamentos (amorosos, familiares ou amizades), emprego, cuidar dos problemas do dia-a-dia — alguém precisa comprar comida, cuidar do pet e coisas do tipo, não é? —- e tudo mais. Se um jogo decide atropelar isso, gera conflitos que podem impactar a vida social e profissional.
Como fazer um grinding eficiente?
Como tempo é sagrado, há algumas formas de analisar as principais experiências e otimizar o sistema de grinding. Dependendo do que você precisa fazer, siga as dicas que daremos sobre formas mais eficientes de realizar o processo e sem ocupar muito da sua agenda:
Para o grinding de dinheiro ou níveis, é fácil de resolver: basta analisar quais são as áreas e os inimigos que te dão a maior quantia do recurso que deseja. No geral, RPGs, jogos de ação, metroidvania e outros mostram essa informação claramente (há exceções, então é bom ver cada caso), o que facilita este processo e permite um caminho mais direto aos jogadores.

Porém, vale também avaliar se o título possui itens que melhorem isso. Há casos em que existem equipamentos que multiplicam a quantidade de XP ou dinheiro obtido, o que acaba ajudando a progredir bem mais rápido. Em outros, há opções do gênero na árvore de habilidades — ou seja, é bom prestar atenção para agarrar a oportunidade assim que ela surgir.
Caso queira algum item específico, não adianta sair desbravando o mundo sem ter algum objetivo em mente. Se deseja mais Diamante ou aquela lança que dá +300 pontos de força, terá de seguir diretamente para o local onde está o recurso que quer obter — seja para minerar o material ou para enfrentar o inimigo que pode dropar o equipamento.
Neste caso, a própria comunidade do jogo pode te dar apoio. Seja em uma plataforma dentro da experiência ou nas redes sociais, os demais jogadores que já passaram ou estão passando por este processo podem trocar informações para identificar os melhores pontos em que pode minerar, conseguir aquele item que tanto deseja e muito mais.
Como o grinding se manifesta?
Cada gênero de jogo tem a sua própria forma de apresentar o grinding e garantir que o público passe mais tempo explorando seus sistemas. Aqui deixaremos alguns exemplos clássicos, mas vale notar que cada título pode ter as suas peculiaridades dentro deste processo.
RPG, como Final Fantasy e Dragon Quest: enfrente monstros, vença as batalhas e ganhe XP e dinheiro através delas. É o sistema mais básico e “contra falhas”, repetindo à exaustão em diversos outros títulos como Pokémon e Chrono Trigger — seguindo até os dias atuais. Ele pode ser visto também em jogos de ação como Assassin’s Creed e God of War.
Sobrevivência, como Minecraft e Palworld: um dos principais focos é obter matéria-prima para construir o máximo de melhorias possíveis. Seja para montar armas, levantar uma base ou desenvolver sistemas de defesa contra inimigos, os jogadores têm de buscar o que há de melhor para continuar avançando e descobrindo os mistérios daquele mundo.
Jogos mobile: servindo de forma distinta, os games feitos para smartphones costumam presentear os jogadores habilidosos e que passam mais tempo dentro da experiência com pontos que funcionam como “moeda de troca”. São os chamados Gacha, quais podem trazer a troca de pontos para habilitar novos personagens mais poderosos, armas potentes e outros que estiverem dentro da proposta.

FPS como Call of Duty e Battlefield: a partir do modo multiplayer, dependendo da quantidade de vitórias e derrotas, os jogadores ganham pontos para subir de nível e ter acesso a patentes, insígnias e — em alguns casos — até mesmo moedas para trocar no sistema de loot box (que garante skins para os personagens, armas, acessórios, pinturas entre vários outros). Ou seja, quanto menos você for carregado nestes jogos, mais chances terá de alcançar um ranking maior.
O amplo universo do grinding
Vale notar que muitos estúdios buscam monetizar em cima do sistema de grinding, o que causa certos debates dentro da própria comunidade. Em casos como os RPGs, por exemplo, Shin Megami Tensei V oferece a opção que desbloqueia aparições maiores de um certo inimigo que dá muito mais XP que os demais quando derrotado — o que encurta o tempo que passará no game.
Quando falamos do sistema de gacha dos jogos mobile, as desenvolvedoras seguem a mesma proposta: o usuário pode pagar para comprar os pontos e garantir os itens e personagens que bem entender. Isso costuma direcionar para o infame mercado de pay-to-win, que incentiva as pessoas a pagar mais para ter uma chance maior de vencer combates no modo multiplayer.
Isso não significa que todos seguirão ou desejam ir pelo mesmo caminho, mas se tornou uma tendência que mesmo impopular, já se tornou comum dentro da indústria gaming. Neste aspecto, cabe aos jogadores decidirem se esta forma de encurtar caminho vale o dinheiro gasto ou não.
Vale lembrar de polêmicas recentes em títulos como Street Fighter V e Star Wars Battlefront II: ambos permitem que o usuário, através de pontos ganhos no próprio jogo e no modo multiplayer, desbloqueie os seus personagens. Porém, a quantia oferecida por cada vitória era tão baixa que demoraria dias (quando não meses) para reunir todos os necessários. Aí já se percebe uma trajetória errada para o grinding.

É importante ressaltar que o grinding e suas mecânicas servem para ampliar a diversão e seu entretenimento. Seu objetivo é te levar a passar mais tempo conhecendo a experiência, seu gameplay, como enfrentar certos tipos de oponentes e coisas do tipo. Se ultrapassou essa linha, é bom avaliar se realmente vale a pena continuar no game.
A mecânica funciona bem quando permite passar uma sensação de progressão, quando é possível sentir que seu personagem está evoluindo conforme você passa por todo o processo. Até mesmo quando se nota que o loop permite explorar melhor as áreas e descobrir segredos que estão escondidos nela (colecionáveis, equipamentos etc.).
Presente em uma grande parte dos jogos, o grinding é extremamente importante, mas tem de ser equilibrado para trazer a diversão e o desafio em proporções similares. Sempre escolha de forma consciente como usará o seu tempo, para não acabar investindo demais em títulos que não te divertem ou vice-versa: deixar de lado um que pode te reservar grandes surpresas.
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