Por que sentimos “borboletas” no estômago?
É uma metáfora poética, mas quem já se apaixonou ou enfrentou uma situação de nervosismo extremo sabe: a sensação de “borboletas” no estômago é real. Mais do que uma figura de linguagem, ela tem explicações científicas que conectam corpo e mente por meio de uma complexa rede de neurotransmissores e hormônios.
Neste artigo, vamos explicar por que as pessoas sentem essa sensação e como ela acontece em nosso corpo.
O Fenômeno das “Borboletas no Estômago”
Essa sensação, frequentemente associada ao amor ou à expectativa de algo importante, é provocada pela ativação do sistema nervoso simpático. Esse sistema é o mesmo que entra em ação quando estamos diante de uma ameaça ou desafio.

A antropóloga e pesquisadora Helen Fisher, referência nos estudos sobre a bioquímica do amor, explica que durante a chamada “fase da atração”, o corpo passa por mudanças intensas, resultado da ação de substâncias como a dopamina, a serotonina e a noradrenalina.
A química do amor e o papel dos neurotransmissores
A noradrenalina, em especial, tem papel crucial nesse processo. Ao ser liberada pelo cérebro em momentos de forte emoção, ela acelera os batimentos cardíacos e aumenta o fluxo sanguíneo para os músculos.

Isso prepara o corpo para uma possível “ação”, geralmente associada a “luta ou fuga”. Como resultado, há uma contração dos vasos sanguíneos em áreas menos prioritárias nesse momento, como o sistema digestivo.
É esse redirecionamento de energia que pode gerar a famosa sensação no estômago: um frio, um aperto ou, poeticamente, “borboletas”.
Em paralelo, a dopamina, o neurotransmissor da recompensa, faz com que sintamos prazer e euforia ao pensar ou estar com a pessoa amada. Já a serotonina, que regula o humor e o apetite, costuma ter seus níveis alterados, o que pode explicar porque algumas pessoas recém-apaixonadas desenvolvem um passageiro desinteresse por comer.
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Além do romance: uma resposta fisiológica universal
Para além do amor romântico, essa resposta corporal também aparece em outras situações emocionalmente intensas.

Por exemplo, elas são comuns antes de uma entrevista de emprego, uma apresentação ou uma prova importante. Em todos esses casos, o corpo responde à antecipação e ao estresse de maneira similar: com um “alerta” que se manifesta fisicamente no estômago.
Essa ligação entre cérebro e intestino tem sido cada vez mais estudada. Cientistas já se referem ao sistema digestivo como nosso “segundo cérebro”, por abrigar milhões de neurônios e se comunicar constantemente com o sistema nervoso central. Isso reforça a ideia de que emoções e sensações físicas estão intimamente conectadas.
Por fim, embora a sensação de “borboletas no estômago” possa ser desconfortável para alguns, ela é, na verdade, um sinal de que o corpo está funcionando perfeitamente respondendo a estímulos emocionais com um repertório bioquímico sofisticado.
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