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Praga ameça o café no Brasil – entenda as consequências

Uma praga comum do mamão agora ameaça o cultivo do café no Brasil. O ácaro-rajado (Tetranychus urticae) vem causando danos em cafezais da variedade conilon (Coffea canephora) no Espírito Santo, de acordo com estudo publicado na revista Acarologia.

A área afetada compartilha cultivo de mamão no município de Boa Esperança, no norte do estado, segundo reportagem da Agência Fapesp. A prática é comum para garantir o sombreamento dos pés de café nos primeiros anos da lavoura.

O Espírito Santo é o maior produtor da variedade conilon no país, respondendo por 70% da safra nacional, de acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rura (Incaper).

O café conilon é a principal fonte de renda em 80% das propriedades rurais capixabas localizadas em terras quentes. O tamanho médio das lavouras é de 8,0 hectares, conduzidas pelas famílias dos produtores.

Problema pode ter sido agravado pelo uso excessivo e indiscriminado de acaricidas (Imagem: Raphael Castilho/USP)

Praga em migração

Os pesquisadores identificaram o ácaro em folhas jovens do café, causando deformações, necrose e queda prematura. O padrão chamou atenção dos pesquisadores, já que a praga costuma atacar folhas mais velhas em outras culturas antes de ser descoberta no café.

O problema pode ter sido agravado pelo uso excessivo e indiscriminado de acaricidas, favorecendo a seleção de populações mais resistentes do ácaro-rajado. Outra hipótese é que o veneno pode ter suprimido inimigos naturais do ácaro, que acabou migrando para os cafeeiros.

“Também não podemos descartar as mudanças climáticas como um fator importante. O ácaro-rajado gosta de ambientes com umidade mais baixa e temperaturas mais altas e as mudanças climáticas podem estar impactando a região estudada exatamente nesse sentido”, explica Raphael Castilho, da Esalq-USP, e um dos autores da publicação.

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Aplicação de acaricidas deve seguir dosagens específicas para o local (Imagem: Oni Sahroni/iStock)

E agora? Como controlar a praga?

O plantio consorciado, como ocorre com mamão e café, requer uma série de cuidados, segundo os especialistas. O monitoramento de pragas, por exemplo, deve ser constante para não comprometer a lavoura.

No caso do ácaro-rajado, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) reconhece o uso de acaricidas apenas no mamoeiro, e não para cafezais. A aplicação deve seguir dosagens específicas para o local, intercalando produtos e evitando o uso excessivo.

Há também a opção de usar ácaros predadores para o controle biológico, segundo Castilho. “As duas espécies mais utilizadas no Brasil são Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis, que já são produzidas comercialmente no Brasil e são registradas no Mapa para o controle do ácaro-rajado em qualquer cultura agrícola.”

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