Rússia busca confiscar ativos da Wargaming, criadora do World of Tanks
A tensão entre a Rússia e empresas ocidentais ganhou mais um capítulo com a tentativa do governo russo de confiscar ativos da Wargaming, estúdio responsável por World of Tanks. As autoridades russas afirmam que a desenvolvedora e antigos executivos teriam envolvimento com atividades consideradas “extremistas” por apoiar a Ucrânia.
Segundo informações da agência estatal RIA.ru, a Procuradoria-Geral da Rússia protocolou uma ação para transferir ao Estado as ações da Lesta Studio, ex-subsidiária da Wargaming no país. O alvo do processo inclui os empresários Viktor Kisly, cofundador da Wargaming, e Malik Khatazhaev, atual proprietário da Lesta.

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Acusações de extremismo e apoio à Ucrânia
No processo apresentado, o vice-procurador-geral da Rússia solicita a proibição das atividades da “associação formada por Kisly e Khatazhaev” e a transferência obrigatória das participações que ambos detêm. O documento afirma que os empresários promovem “atividades extremistas”.
Como base para a acusação, foram anexadas matérias com títulos como:
- “Wargaming lançou projeto de caridade com conteúdo ucraniano nos jogos para arrecadar fundos para ambulâncias”
- “Como a Wargaming sobreviveu a 25 anos — e lidou com a guerra na Ucrânia”
- “O jogo mais militar, World of Tanks, contra a operação especial da Rússia”
As publicações são usadas como evidência de que a Wargaming teria atuado contra os interesses do governo russo durante o conflito com a Ucrânia.
Wargaming nega envolvimento e relembra saída da Rússia
Em comunicado enviado ao site VGC, a Wargaming reafirma que deixou a Rússia e Belarus em 2022, e que não possui mais nenhum vínculo comercial ou ativo nos países. “A Wargaming fez uma saída estratégica dos mercados da Rússia e de Belarus há três anos”, diz a nota.
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A desenvolvedora explicou que repassou as operações locais para a gestão da Lesta Studio, de forma gratuita e sem dívidas, encerrando qualquer possibilidade de retomar o controle da empresa. “Não temos ativos ou interesses comerciais na Rússia e Belarus.”
Saída após invasão da Ucrânia
A saída da Wargaming do mercado russo ocorreu em abril de 2022, pouco após a invasão da Ucrânia, apoiada por Belarus. Na época, a empresa demitiu o diretor criativo de World of Tanks, Sergey Burkatovskiy, após ele se manifestar publicamente a favor da invasão.
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Dois meses depois, a empresa anunciou novos estúdios na Sérvia e na Polônia, como parte de uma estratégia para reforçar suas operações fora da região. Ainda em 2022, a Wargaming doou US$ 1 milhão à Cruz Vermelha Ucraniana e auxiliou funcionários com realocação, moradia e salários antecipados.
Êxodo da indústria de games russa
O caso da Wargaming se soma a uma onda de saídas da indústria de jogos eletrônicos da Rússia. Um levantamento realizado pelo portal russo App2Top revelou que mais de 42% dos estúdios locais deixaram o país ou planejavam sair ainda em 2022, reflexo direto do agravamento das tensões políticas e econômicas após o início da guerra.
Fonte: pcgamesn